Petrolíferas investiram mais de USD 1.7 MM em projectos de prospecção em Moçambique desde 2006

As companhias petrolíferas investiram em Moçambique, desde 2006, mais de 1.7 mil milhões de dólares em projectos de prospecção de hidrocarbonetos que aguardam planos de desenvolvimento ou decisão final de investimento, segundo dados da petrolífera estatal ENH.

De acordo com o relatório de contas de 2022, citado pela Lusa, esta segunda-feira, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), operadora petrolífera detida pelo Estado moçambicano, contabiliza que investiu 264.158.273 dólares desde 2006 em projectos que transferirá para o balanço da empresa “após aprovação do plano de desenvolvimento e/ou decisão final de investimento”.

Entretanto, a este valor acrescem 1.739.752.667 dólares investidos pelas concessionárias dos projectos, no mesmo período, totalizando assim quase 2.004 milhões de dólares.

O ano de maior investimento foi 2013, com um total de 545,5 milhões de dólares de investimento, que caiu para pouco mais de 5,8 milhões de dólares investidos em 2018, na sequência dos ataques de insurgentes em várias localidades de Cabo Delgado, no norte do país, onde se situam os principais projectos de prospecção e produção de gás natural.

Além destes, a ENH detém uma posição de 25% no consórcio liderado pela Sasol na área de produção de gás PPA Pande e Temene, já em produção, e de 10% no Rovuma Área 4, em desenvolvimento e produção, além de outros 15 em desenvolvimento e pesquisa.

A ENH exerce a sua actividade subordinada ao Ministério dos Recursos Naturais e Energia, tendo como “objectivo principal” a actividade petrolífera, “nomeadamente a prospecção, pesquisa, desenvolvimento, produção, transporte, transmissão e comercialização de hidrocarbonetos e seus derivados”, incluindo importação e exportação.

A companhia petrolífera norte-americana Exxon Mobil considera que o investimento no gás natural de Moçambique está encaminhado para ser tomada uma decisão final de investimento em 2025, começando a produzir no final da década.

“Muito depende ainda da situação de segurança, que tem estado a ser muito bem gerida”, ressalvou em Julho o vice-presidente da companhia para a exploração de petróleo e gás, Peter Clarke, numa conferência em Vancouver.

Esta é a primeira vez que a Exxon fala em datas relativamente ao projecto de construção de uma fábrica no norte de Moçambique, depois de o projecto estar parado desde 2020 devido à insegurança na região.

O projecto da Exxon em Cabo Delgado previa uma produção de 15,2 milhões de toneladas por ano, mas a companhia antevê uma produção anual de 18 milhões de toneladas actualmente.

Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.

Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.

O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).

Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.

A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 mtpa (milhões de toneladas por ano) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa.

A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

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