Respira ar puro é um luxo já no limiar das possibilidades, pois, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 99% da população do planeta respira ar com níveis de poluição que excedem os limites considerados aceitáveis.
Diz a OMS que as populações de países pobres são as mais expostas à poluição por partículas finas e dióxido de azoto, que põem em risco a sua saúde e causam mortalidade prematura.
Nos países de baixos e médios rendimentos, os níveis de dióxido de azoto são de 1,5 vezes mais elevados do que nos mais ricos.
As regiões de África e do Pacífico Ocidental têm níveis quase oito vezes mais elevados destas partículas na atmosfera do que o recomendado pelas linhas orientadoras da OMS.
Os níveis mais baixos foram registados na Europa. Só 17% das cidades nos países de altos rendimentos têm partículas finas acima do limite definido e actualizado em 2021 pela OMS.
O relatório actualizado para 2022 da base de dados sobre a qualidade de ar da OMS inclui informações relativas ao período entre 2010 e 2019, onde mais de seis mil cidades em 117 países estão sob poluentes com partículas finas PM 10 e PM 2,5 (ou seja, com um diâmetro de 10 ou 2,5 micrómetros) e dióxido de azoto.
A organização, citada pelo jornal Notícias, revelou que estes dois tipos de poluição estão relacionados com o uso de combustíveis fósseis e associadas a várias doenças respiratórias, cardiovasculares e cerebrovasculares.
As partículas PM 2,5 são suficientemente pequenas para conseguirem penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, provo- cando doenças respiratórias e até acidentes cardiovasculares. Além disso, existem indícios de que afecta outros órgãos, causando outro tipo de doenças.
O Director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, considera que o mundo precisa de caminhar mais rapidamente para o abandono de combustíveis fósseis.
“Quanto ao dióxido de azoto, está associado a doenças respiratórias em particular a asma e sintomas respiratórios somo tosse, poeira e dificuldade em respirar. Está ainda por trás de muitos internamentos e idas a emergências hospitalares”, avançou o responsável.
Maria Neira, directora do Departamento de Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde da OMS apontou que a poluição atmosférica mata pelo menos sete milhões de pessoas de forma prematura todos os anos.
“Depois de termos sobrevivido a uma pandemia, é inaceitável ainda haver sete milhões de mortes evitáveis e incontáveis anos perdidos de boa saúde devido à poluição do ar”, sublinha.
É o queremos dizer quando olhamos para a montanha de dados sobre poluição atmosférica, provas e soluções que estão disponíveis. Mas, muitos investimentos continuam a ser enterrados num ambiente poluído em vez de num esforço para garantir ar limpo e saudável, afirmou.