Moçambique é praticamente um “país rico”. É que de acordo com a consultora WoodMackenzie, uma das maiores especialistas em energia, a produção de gás em Moçambique pode ultrapassar a Nigéria, o maior produtor da África subsaariana, no final de uma década.
Num relatório sobre o sector do gás na África subsaariana, lançado na altura da Africa Oil Week, , os analistas disseram que “a produção de gás natural liquefeito em Moçambique pode ultrapassar a Nigéria mais para o final da década de 2020”.
Segundo estes analistas Moçambique tem “praticamente recursos ilimitados que vão beneficiar o governo se potenciar as receitas da exportação e, ao mesmo tempo, garantir que os mercados locais ficam bem fornecidos”.
Os analistas WoodMackenzie lembram que Moçambique já vende gás à África do Sul desde 2004 e fornece um pequeno mercado doméstico desde 2012, mas passou definitivamente para o topo do radar dos investidores a partir de 2010, quando foram feitas grandes descobertas na costa norte, que vão transformar o país num dos principais exportadores mundiais, a par do Qatar.
As previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que a província de Cabo Delgado tem reservas de gás no oceano Índico que a partir de 2024 deverão fazer a riqueza de Moçambique mais que duplicar.
No passado recente, a francesa Total investiu 25 mil milhões de dólares no projecto nesta região, que está a ser afetada pela insurgência armada que já fez mais de um milhar de mortos e ameaça atrasar a produção das infraestruturas necessárias para garantir a produção e a exportação do gás natural.
Trata-se do maior investimento privado até aqui feito, e representa mais do que todo o PIB de Moçambique. De uma forma geral, dizem os analistas, a África subsaariana sofre de uma falta de energia “confiável e acessível”, em que o gás podia desempenhar um papel fundamental, mas a falta de investimentos em infraestruturas, custos elevados, dificuldades logísticas e a diminuta capacidade financeira dos consumidores têm sido as principais barreiras à aposta neste sector, a que se junta os enquadramentos regulamentares voláteis e uma governação desadequada ao momento.
“Leis adequadas, processo transparente e atratividade para consumidores e investidores” foram, aliás, as respostas que vários peritos apresentaram na sessão de lançamento do relatório.
Para o gás ser um catalisador do desenvolvimento, o relatório da Woodmackenzie recomenda a criação de uma lei que regule o sector energético, não só na questão do preço, mas também das contrapartidas, dos impostos, dos incentivos fiscais e da partilha de risco e de lucro nos investimentos, além da questão do conteúdo local, cada vez mais importante para os países exportadores de matérias-primas.
Fonte: MA