Representantes de mais de 50 países africanos vão definir as prioridades na transformação dos sistemas agro-alimentares em África entre estas segunda e quinta-feira em Malabo, quando 250 milhões de pessoas no continente não têm diariamente comida suficiente.
Segundo a Lusa, os problemas colocados pela covid-19 e as alterações climáticas estarão no centro das atenções dos participantes na 32.ª Conferência Regional para África da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), órgão máximo de governação da agência da ONU em África.
Ministros da Agricultura, funcionários governamentais de toda a África, grupos da sociedade civil, representantes do setor privado, parceiros para o desenvolvimento e países-membros observadores irão durante quatro dias procurar soluções para enfrentar a insegurança alimentar, alterações climáticas e outros desafios no continente.
O evento tem prevista a realização de várias mesas-redondas, onde serão debatidas questões como as prioridades políticas para a recuperação pós-pandemia e os impactos da covid-19 nos sistemas agroalimentares africanos, investimento na recuperação de ecossistemas, promoção do investimento e comércio, ou estratégias de colocação das mulheres, jovens e população pobre na linha da frente de sistemas agroalimentares mais inclusivos.
Mais de um quarto da população da África — 346 milhões de pessoas — enfrenta uma crise de segurança alimentar que leva milhões de famílias a saltar refeições todos os dias; uma situação de fome alarmante que pode se intensificar nos próximos meses, conforme revelou oportunamente o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
A crise alimentar atinge o continente de ponta a ponta, desde a Mauritânia e Burkina Faso a oeste até a Somália e à Etiópia a leste.
Factores como conflitos, choques climáticos — como as secas na África Oriental e a baixa precipitação cumulativa na África Ocidental —, o aumento drástico no número de pessoas deslocadas e a subida brusca dos preços de alimentos e combustível contribuíram para exacerbar as necessidades da população na região.
Para complicar ainda mais a situação, muitos dos países afetados ainda estão sofrendo os efeitos económicos adversos da pandemia de covid‑19.