Grupo M23 avança no leste da RDC e controla aeroporto de Bukavu

Grupo M23 avança no leste da RDC e controla aeroporto de Bukavu

Os rebeldes do M23, com o apoio do exército ruandês, tomaram o Aeroporto de Kavumu, situado a 30 quilómetros de Bukavu, capital do Kivu Sul. A ofensiva, que segue depois da conquista de Goma, dexia a cidade de Bukavu sob ameaça.

Segundo uma publicação da RFI, a conquista deste ponto estratégico representa um avanço na ofensiva que o grupo tem levado a cabo contra o governo congolês, ameaçando a estabilidade da região. Bukavu representa um ponto importante antes da chegada a Bukavu, cidade com mais de um milhão de habitantes e considerada um dos maiores centros urbanos do leste da RDC.

O aeroporto de Kavumu é um ponto logístico importante para o reabastecimento do exército do antigo Zaire, terá sido cedido sem grande resistência, de acordo com informações que confirmaram a retirada das Forças Armadas da RDC (FARDC) do local. O porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, anunciou o controlo do local e dos arredores, incluindo o aeroporto, após os confrontos.

O avanço dos rebeldes criou um clima de tensão na cidade de Bukavu, onde a população começou a deixar as casas. Em várias zonas da cidade, há relatos de uma evacuação silenciosa das administrações locais e a vida urbana foi interrompida. O governador de Kivu Sul, Jean-Jacques Parusi Sadiki, também deixou Bukavu.

O presidente congolês, Félix Tshisekedi, denunciou esta sexta-feira “vontades expansionistas” do Ruanda no leste da RDC, apelando para o isolamento do é “verdadeiro responsável pela  situação”, durante uma intervenção na Conferência sobre Segurança de Munique.

“O que é necessário é colocar à margem o verdadeiro responsável por esta situação: o Ruanda”, afirmou Félix Tshisekedi, num momento em que o grupo armado M23, apoiado por Kigali, tomou o aeroporto de Bukavu, capital da província do Sul Kivu.

A situação humanitária na região está a deteriorar-se. As Nações Unidas estimam haver cerca de 350.000 deslocados. As pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas para procurar abrigo e muitos sobreviventes vivem em condições insalubres. A fome e a falta de acesso a cuidados médicos agravam a crise, com o risco de propagação de doenças como a cólera, apontam as autoridades internacionais.

Desde a tomada de Goma, no mês passado, em Janeiro, os rebeldes têm avançado de forma coordenada e sem sinais de recuo. Embora tenha sido decretado um cessar-fogo em Fevereiro, durante a cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Austral (SADC) e da Comunidade da África Oriental (EAC), o M23 ignorou os apelos de paz e continuou os avanços no terreno. O Governo de Kinshasa acusou o M23 de violar o acordo de cessar-fogo, enquanto a comunidade internacional tenta, sem sucesso, intervir para encontrar uma solução.

Os receios de uma guerra regional aumentam à medida que o M23, apoiado pelo Ruanda, avança para o controlar a região. A RDC, que acusa o Ruanda de apoiar a rebelião para ter acesso a recursos naturais, como o tântalo e o estanho, enfrenta um novo desafio: a guerra não só ameaça a integridade territorial, como coloca em risco a estabilidade de países vizinhos. Uganda, Burundi e a África do Sul têm tropas no terreno, apoiando o exército congolês contra a ofensiva rebelde.

 

(Foto DR)

Partilhar este artigo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.