O multimilionário proprietário da rede social Twitter, Elon Musk, despediu no domingo mais de 200 funcionários da empresa sem os avisar, entre os quais o deficiente motor Haraldur Throleifsson, que insistiu em obter uma confirmação do patrão. Troca inusitada de ‘tweets’ acaba com Musk a pedir desculpa.
Dear @elonmusk 👋
9 days ago the access to my work computer was cut, along with about 200 other Twitter employees.
However your head of HR is not able to confirm if I am an employee or not. You've not answered my emails.
Maybe if enough people retweet you'll answer me here?
— Halli (@iamharaldur) March 6, 2023
Thorleifsson, que era, até há três dias, trabalhador do Twitter, só teve dúvidas sobre a sua situação laboral quando, no passado domingo, tentou entrar no seu computador para trabalhar e descobriu que deixara de ter acesso, o que aconteceu igualmente a mais 200 trabalhadores da empresa.
Poderia ter deduzido que, como muitos antes dele, nos caóticos meses de ‘layoff’ e despedimentos desde que Elon Musk tomou conta da empresa, tinha sido despedido.
Mas, em vez disso, após nove dias sem resposta do Twitter sobre se ainda tinha ou não emprego, Thorleifsson decidiu enviar a Musk uma mensagem na própria rede social (um ‘tweet’), para ver se chamava a atenção do multimilionário e obtinha uma resposta conclusiva sobre o seu posto de trabalho.
“Talvez se um número suficiente de pessoas ‘retweetar’ (reencaminhar para os seus contactos) esta mensagem, você me responda aqui?”, escreveu Thorleifsson na segunda-feira.
Ao fim de algum tempo, acabou por obter a sua resposta, após um diálogo surreal no Twitter com Musk, em que este o questionou sobre que trabalho fazia e sobre a sua deficiência e necessidades de acomodação (Thorleifsson tem distrofia muscular e desloca-se numa cadeira de rodas).
Elon Musk escreveu então um ‘tweet’ afirmando: “Thorleifsson tem uma conta ativa e conhecida no Twitter e é rico [e] a razão pela qual me confrontou em público foi para conseguir uma grande indemnização”.
De notar que, entretanto, várias das respostas de Musk já incluem avisos de contexto, inserido por leitores.
Enquanto a conversa estava em curso, com Musk a questionar vários aspetos do trabalho do ex-funcionário, manifestando clara desconfiança, Thorleifsson indicou ter recebido uma mensagem de correio eletrónico a comunicar-lhe que já não trabalhava na empresa.
Residente na Islândia e com cerca de 141.000 seguidores no Twitter (Musk tem mais de 130 milhões), Thorleifsson começou a trabalhar para lá em 2021, quando os anteriores proprietários adquiriram a sua ‘startup’, Ueno.
Na altura, foi elogiado na comunicação social islandesa por ter optado por receber o preço da compra em forma de salários mensais – em vez de uma enorme quantia de uma só vez -, porque assim, pagaria impostos mais elevados à Islândia, o que contribuiria para apoiar os serviços sociais e a rede de segurança que o país oferece.
Thorleifsson respondeu a Musk também no Twitter, dizendo-lhe: “A razão pela qual lhe perguntei em público [se ainda tinha emprego ou não] foi porque nem o senhor, nem qualquer outra pessoa na empresa respondeu às minhas mensagens privadas”.
“Tinha todo o direito de me despedir. Mas teria sido bom avisar-me!”, acrescentou.
Questionado na rede social sobre o que vai fazer agora, o informático islandês respondeu: “Vou abrir um restaurante no centro de Reiquiavique em breve. Terá o nome da minha mãe”.
Entretanto, na terça-feira à noite, Musk fez um pedido de desculpas público ao funcionário. “Gostaria de pedir desculpas ao Halli por ter percebido mal a situação dele. Baseei-me em coisas que me disseram que não eram verdadeiras ou, em alguns casos, verdadeiras, mas não relevantes”.
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