A dependência energética da União Europeia (UE) à Rússia registou, no segundo trimestre deste ano, um “declínio notável” no carvão, petróleo e gás face a 2022, levando à redução do défice da balança comercial entre os dois blocos.
Os dados citados pela Lusa, foram divulgados há dias pelo gabinete estatístico da UE e revelam que o défice comercial de energia entre o bloco comunitário e a Rússia “foi reduzido de 40,4 mil milhões de euros no segundo trimestre de 2022 para 5,7 mil milhões de euros no segundo trimestre de 2023”.
Assim, apesar de ainda se verificar compra de energia russa, a dependência europeia tem vindo a baixar, nomeadamente perante restrições à importação e à exportação impostas pela UE na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Nos últimos dois anos, a dependência da UE das importações de energia da Rússia registou um declínio notável”, salienta o Eurostat, especificando que as quotas de combustíveis fósseis como o carvão, o gás natural e o petróleo importados da Rússia “diminuíram substancialmente” no início deste ano.
Em concreto, comparando o segundo trimestre de 2021 com o segundo trimestre de 2023, o peso do petróleo russo na UE caiu 27 pontos percentuais (de 29,2% em 2021 para 2,3% em 2023), o gás natural 26 pontos percentuais (de 38,5% para 12,9%) e o carvão 45 pontos percentuais (de 45% para 0%).
Na sequência da invasão russa da Ucrânia, a UE aplicou sanções ao sector energético russo, proibindo nomeadamente a importação de petróleo bruto marítimo e de produtos petrolíferos, que abrange 90% das anteriores importações de petróleo da Rússia pela UE.
Proibida foi também a importação de carvão russo em todas as suas formas, afetando um quarto de todas as exportações mundiais russas, o que representa uma perda de receitas de oito mil milhões de euros por ano para a Rússia.
No seu conjunto, no segundo trimestre de 2023, a balança comercial UE-Rússia de bens registou um défice de 1,6 mil milhões de euros, uma melhoria em relação ao valor de 45 mil milhões de euros no período homólogo do ano passado.
“Esta diminuição substancial do défice pode ser atribuída, em grande medida, à diminuição das importações de energia provenientes da Rússia”, de acordo com o Eurostat.
O gabinete estatístico precisa que a parte da Rússia nas importações extra-UE caiu de 9,6% em Fevereiro de 2022 para 1,7% em Junho de 2023, enquanto a parte das exportações extra-UE caiu de 3,8% para 1,4% no mesmo período.
Em Março de 2022, o mês seguinte à invasão russa da Ucrânia, a UE registou um pico de défice comercial com a Rússia causado pelos elevados preços dos produtos energéticos, que ascendeu a 18,5 mil milhões de euros.
Este défice foi reduzido para 0,4 mil milhões de euros até Junho de 2023, permanecendo abaixo de mil milhões de euros quatro meses seguidos em 2023. (Lusa)
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