Afinal, mineradoras não declaram toda sua produção para conseguirem impostos muito baixos?

As autoridades moçambicanas consideram que “metade das exportações que ocorrem em Moçambique decorrem da exploração mineira, todavia, este número das exportações não se reflecte nos impostos, que são muito baixos”.

A conclusão do Executivo consta do sumário de um encontro que membros do Governo mantiveram recentemente com representantes das empresas do sector mineiro, exigindo que o sector aumente a contribuição fiscal e a participação no desenvolvimento do país e das comunidades.

Na reunião, os representantes do Governo apoiaram-se no mais recente relatório da Iniciativa de Transparência das Indústrias Extractivas (EITI, na sigla inglesa), um mecanismo internacional que mede a transparência no sector, para apontar resultados díspares entre os minérios produzidos e os declarados, disparidade de preços de venda entre as diferentes empresas mineradoras em Moçambique e de preços de venda praticado no país com o que é cobrado no mercado internacional.

Por outro lado, registam-se modelos diferentes para declaração de produção e o incumprimento da Lei de Minas, lê-se no texto, citado pela Lusa.

O governo assinalou, no entanto, a necessidade de se estudarem mecanismos de processamento dos minerais produzidos em Moçambique, como a grafite, areias pesadas e o carvão.

A transformação dos produtos minerais no país iria permitir a criação de postos de trabalho e seria um contributo para a industrialização.

“Em suma, o Governo exige valoração de todos os minerais produzidos no país”, refere-se no documento.

No encontro, os presentes defenderam o imperativo de as empresas aumentarem a comparticipação no desenvolvimento social e económico das comunidades onde as actividades de mineração ocorrem, através da criação de postos de trabalho, construção de escolas técnicas, abastecimento de água, bem como vias de acesso.

Por seu turno, as companhias defenderam o envolvimento da Câmara de Minas na elaboração de instrumentos normativos sobre o sector, construção de infraestruturas para escoamento da produção e fornecimento da energia estável e fiável à indústria.

Advogaram ainda a necessidade de maior coordenação entre os diversos intervenientes do Governo, para a exportação, visando evitar contradições na interpretação das normas que regulam a área.

Os operadores pediram ainda o fim de restrições nas exportações provocadas pela ausência de um preço de referência nos pontos de venda e compra e que a apresentação de testes de qualidade dos produtos seja exigida na fase de exportação e não de produção.

Vários relatórios internos e internacionais têm acusado as multinacionais que operam em Moçambique de declararem números da produção aquém do que realmente tiram do país.

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