TotalEnergies vai em contra-mão e mantém-se na Rússia

Apesar de condenar a guerra russo-ucraniana, a que chamou de agressão militar de Moscovo, a TotalEnergies anunciou, na terça-feira, que vai continuar com as suas operações na Rússia, sendo que “deixará de fornecer capital para novos projectos”.

“A TotalEnergies apoia o âmbito e a força das sanções aplicadas pela Europa e irá implementá-las independentemente das consequências (actualmente em avaliação) sobre as suas actividades na Rússia”, lê-se numa nota da empresa citada pela Reuters.

A continuidade dos seus trabalhos na Rússia e uma atitude contrária à decisão das gigantes petrolíferas europeias, nomeadamente a alemã, Shell e a britânica, British Petroleum (BP), que anunciaram o abandono das suas joint-ventures da Rússia.

A maior petrolífera francesa detém uma participação de 19,4% na Novatek, a segunda maior produtora de gás natural da Rússia e a sétima maior empresa de capital aberto no mundo em volume de produção de gás natural.

A Rússia constituiu 24% das reservas comprovadas da TotalEnergies e 17% da sua produção de petróleo e gás em 2020.

As decisões da BP e da Shell acumularam pressões sobre as empresas ocidentais com participações na Rússia.

A decisão da Total poderá acarretar represálias dos investidores. Por exemplo, a Itália poderá suspender o financiamento do projecto de GNL Árctico, no valor de 21 mil milhões de dólares, no qual a empresa francesa tem uma participação directa de 10% e Novatek tem uma participação de 60%.

O gabinete do Presidente francês Emmanuel Macron recusou-se a comentar a posição da TotalEnergies.

Além da sua participação na Novatek, a empresa francesa tem também uma participação de 20% no projecto Yamal LNG, bem como uma participação de 10% no projecto Arctic LNG 2, que deverá iniciar a produção no próximo ano.

O projecto Yamal LNG no norte da Rússia iniciou a produção em finais de 2017.

“A TotalEnergies está mais alinhada do que os seus pares, dado que inclui a combinação da participação da Novatek, projectos operacionais como o Yamal e projectos em construção como o Arctic LNG 2. Seria um processo mais complexo do que para a BP, e isso também não é exactamente linear”, disse o analista Biraj Borkhataria, da RBC.

A TotalEnergies afirmou que foi mobilizada para fornecer combustível às autoridades ucranianas e ajuda aos refugiados ucranianos na Europa.

Partilhar este artigo