Renamo questiona apoio da UE ao Ruanda e diz que soberania está “ameaçada”

Renamo questiona apoio da UE ao Ruanda e diz que soberania está “ameaçada”

A Renamo, maior partido da oposição, questionou ontem o apoio da União Europeia (UE) ao Ruanda e considerou que a paz e soberania de Moçambique estão “totalmente ameaçadas” devido à violência armada no norte do país.

“Mais do que nunca, a nossa paz e soberania estão totalmente ameaçadas pelos horrores do terrorismo na zona norte”, disse Ossufo Momade, presidente do partido, durante a quarta sessão ordinária do Conselho Nacional da Renamo, em Maputo.

Para Ossufo Momade, os ataques armados em Cabo Delgado tornam Moçambique num país “permanentemente inseguro” e “longe de alcançar a sua independência económica”, referindo que a violência ocorre “justamente onde existe o maior projecto de exploração de recursos naturais”.

A Renamo questionou o “apoio milionário” dado pela União Europeia (UE) ao Ruanda para apoiar as tropas moçambicanas em Cabo Delgado, considerando tratar-se de uma das evidências de que a soberania moçambicana está “severamente ameaçada”.

O Conselho Europeu disponibilizou uma verba de 20 milhões de euros para a força ruandesa deslocada em Moçambique.

Ossufo Momade questionou a “legitimidade” do Ruanda em receber “apoio em nome dos moçambicanos”, referindo que a situação é o “cúmulo da captura e alienação do Estado” moçambicano.

“Literalmente, para a tristeza de todos nós, o país está vendido”, frisou o presidente do maior partido da oposição moçambicana.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde Julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED. (Lusa)

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