O homem que foi engenheiro-chefe da empresa estatal de caminhos-de-ferro de passageiros da África do Sul foi condenado a 15 anos de prisão por ter falsificado as suas qualificações.
De acordo com uma publicação da BBC, durante o tempo da “burla” Daniel Mthimkhulu chegou a ocupar cargos de grande relevo em grandes companhias.
Consta que foi chefe de engenharia da Passenger Rail Agency of South Africa (Prasa) durante cinco anos – ganhando um salário anual de cerca de 2,8 milhões de rands (156.000 dólares).
A publicação refere que no seu currículo, o homem de 49 anos afirmava ter várias qualificações em engenharia mecânica, incluindo uma licenciatura na respeitada Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, bem como um doutoramento numa universidade alemã.
No entanto, o tribunal de Joanesburgo ouviu dizer que ele apenas tinha completado o ensino secundário.
“A sentença envia uma forte mensagem de que os autores de crimes de colarinho branco não ficarão impunes”, disse Phindi Mjonondwane, porta-voz da Autoridade Nacional do Ministério Público (NPA), citada pela BBC.
Mthimkhulu foi detido em Julho de 2015, pouco depois de a sua teia de mentiras ter começado a ser desvendada.
Começou a trabalhar na Prasa 15 anos antes, subindo na hierarquia até se tornar engenheiro-chefe, graças às suas falsas qualificações.
Ainda no rol das suas mentiras, o tribunal soube que o homem conseguiu falsificar uma carta de oferta de emprego de uma empresa alemã, que incentivou a Prasa a aumentar o seu salário para que a agência não o perdesse.
Esteve também à frente de um negócio de 600 milhões de rands para comprar dezenas de novos comboios a Espanha, mas que não podiam ser utilizados na África do Sul por serem demasiado altos.
“O tribunal teve em conta a gravidade e a prevalência da fraude, a perda financeira significativa para a Prasa e a traição de Mthimkhulu à confiança do seu empregador”, disse Mjonondwane.
Numa entrevista de 2019 à emissora local eNCA, o falso engenheiro admitiu que não tinha um doutoramento.
“Não consegui corrigir a perceção de que o tenho. Apenas me senti confortável com o título. Não previ quaisquer danos em resultado disso”, disse ele.
O tenente-general Seswantsho Godfrey Lebeya, chefe da unidade de elite da polícia sul-africana Hawks, que ajudou a instaurar a ação penal, também se congratulou com a sentença.
“Isto deve servir como uma lição para os futuros autores de fraudes de que o crime não compensa”, disse ele.
Os Hawks afirmam que se trata de um caso relacionado com a “captura do Estado”, um termo utilizado na África do Sul para descrever a corrupção generalizada que ocorreu durante o mandato de Jacob Zuma, que foi presidente entre 2009 e 2018.
Outras organizações e pessoas nas redes sociais também se congratularam com a notícia, tendo algumas observado que esta sublinhava a necessidade de efetuar verificações básicas ao contratar pessoas
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