O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, considera que o país acumulou uma “elevada” dívida pública sem ter poupado o “suficiente” para lidar com os impactos das crises e para implementar reformas.
Zandamela, que falava na quarta-feira, na Universidade Politécnica, em Maputo, a aula inaugural do programa de doutoramento em Estudos de Desenvolvimento, subordinada ao tema “Os Desafios da Política Monetária num Contexto de Gestão de Crises”, disse que “os défices crónicos e estruturais que caracterizam a economia moçambicana tornam ainda mais desafiante a gestão da política monetária, num contexto em que o país acumulou elevada dívida e ao mesmo tempo não poupou o suficiente para amortecer o impacto de choques, que são cada vez mais frequentes e intensos”.
Citado pela Lusa, o governador do banco central acrescentou que Moçambique “está a implementar reformas com pouco financiamento”, nomeadamente a aplicação da Tabela Salarial Única (TSU), fortemente criticada por vários sectores da função pública.
“A capacidade de implementar reformas de forma sustentável depende de recursos abundantes para sustentar esse crescimento”, disse Zandamela, acrescentando que “as pessoas ficam a perguntar-nos quando é que chegam tais reformas e já estão cansadas. Com dinheiro, os benefícios seriam facilmente visíveis”.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou em 14 de Julho que o Governo moçambicano deve “reduzir a massa salarial” ao nível dos países da região, para poder investir nas áreas prioritárias, como no combate à insegurança alimentar e à pobreza.
“Do lado das despesas, reduzir a massa salarial de acordo com os pares regionais ajudará a criar espaço fiscal para gastos prioritários. Fortalecer ainda mais a rede de segurança social continua a ser importante para tratar a insegurança alimentar e a pobreza elevada”, afirmou o director executivo adjunto do Fundo, Bo Li, citado no comunicado sobre a aprovação final da revisão ao Programa de Financiamento Ampliado (ECF) para Moçambique.
O anúncio da aprovação desta revisão ao ECF pelo FMI foi feito em 06 de Julho, garantindo então um desembolso de 60,6 milhões de dólares a Moçambique, e depois confirmado no comunicado da instituição.
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