Os agricultores integrados no programa “PROMOVE/Agribiz”, como multiplicadores de sementes, implementado pelo Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), aguardam pela certificação dos seus produtos.
O programa “PROMOVE/Agribiz” compreende nutrição, biodiversidade, comércio, energia e transporte. O projecto é financiado pela União Europeia (UE) em cerca de 90 milhões de euros e está a ser implementado nas províncias de Nampula e Zambézia, norte e centro do país.
O facto foi constatado durante uma monitoria da equipa técnica do programa no distrito de Mogovolas, na província de Nampula, onde agricultores que se dedicam a multiplicação de sementes, de cereais, oleaginosas e hortícolas, afirmaram estar impacientes e pedem que o processo de certificação seja concluído o mais rápido possível.
Sem este procedimento, que se espera para breve, os visados dizem estar impedidos de tirar maior e melhor proveito do seu trabalho, particularmente junto aos vendedores de insumos e outros agricultores.
Tal é o caso de Calisto Assane, do distrito de Angoche, citado pela AIM, um dos 128 multiplicadores de sementes incorporados no “Promove/Agribiz” que, para já, inclui 22 mil agricultores.
“Estou ansioso, pois sem essa certificação, não é possível concluir negócios com as empresas que vendem sementes de qualidade. Eu tenho uma área de dez hectares, uso apenas um para a multiplicação de sementes de amendoim, arroz, gergelim e hortícolas”, afirmou.
Apesar deste contratempo, Assane disse estar motivado, porque as ferramentas que adquiriu no âmbito do programa contribuíram para melhorar a produtividade na machamba, onde trabalha com outros membros da sua família.
Entretanto Dário Shipola, coordenador do “Promove/Agribiz”, pela FAO, afirmou que o projecto está a seguir bem as suas etapas, nas províncias abrangidas.
“A União Europeia é o doador principal e contribuiu com valores entre 80 a 90 milhões de euros. Para a componente agrícola, estão destinados 53 milhões. Para negócios e comércio, cerca de 15 milhões e outros valores para monitoria. O projecto arrancou em 2019 e tem o seu final previsto para Agosto de 2025”, explicou.
Shipola anotou que os principais indicadores que contribuem para a segurança alimentar estão a ser demonstrados, a avaliar pelo incremento da produtividade de uma maneira sustentável, ao que se alia uma produção que sirva igualmente para vender nos mercados.
“Todo o esforço que estamos a fazer, para ajudar os pequenos agricultores, que são cerca de 3.9 milhões em todo o país, é para que passem de uma agricultura de subsistência para, também, de mercado. Então, para nós, o limite para segurança alimentar é muito vasto. Queremos sair de acima do limite da pobreza, que estimamos acima de 40 mil meticais por ano”, adiantou.
Entre as principais exigências dos agricultores, segundo Shipola, contam-se acesso à semente de qualidade e a busca das tecnologias agrícolas modernas, o que faz com que produzam quatro vezes mais.
“Temos como lições aprendidas algo que os agricultores solicitam e pedem, a semente de qualidade. No país, há problemas, porque não se produz o suficiente. Estamos a trabalhar com o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) para actualizar o regulamento. Neste grupo de 22 mil agricultores, temos 130 que produzem sementes e a certificada é vendida a melhores preços”, disse.
Sobre a chegada do fenómeno El Nino, sem criar alarmes, Shipola reconheceu ser um motivo de preocupação para as zonas centro e sul e, por isso, é preciso investir em infra-estruturas, armazenamento e transporte.
“Há um problema estrutural, a agricultura desenvolve-se quando há investimento nas infra-estruturas. Então, num clima como o que tem Moçambique, precisa-se de um investimento sério no sistema de rega, armazenagem, transporte e formação dos agricultores”, defendeu.
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