Professores angolanos do ensino superior em greve por tempo indeterminado

Professores angolanos do ensino superior em greve por tempo indeterminado

O Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior de Angola (SINPES) retomou hoje a greve, por tempo indeterminado, em protesto contra os “salários miseráveis” e a inversão de prioridades do executivo.

Em declarações à Lusa, o secretário-geral do SINPES, Eduardo Alberto afirmou que os professores retomaram a greve atendendo ao “silêncio” do Governo em relação às questões salariais e ao seguro de saúde.

Na última ronda negocial, frisou, a tutela responsabilizou-se em levar estas preocupações ao Presidente da República, sem resposta até ao momento

O SINPES tinha suspendido a greve no passado dia 01 de Novembro, aprovando o regresso às aulas que se encontravam paralisadas desde o dia 24 de Outubro de 2022.

No entanto, na última reunião, de 17 de Fevereiro, “em que se notou a inversão de prioridades” do executivo, não foram apresentadas soluções, destacou o sindicalista

“Quando se pode comprar 45 viaturas num valor total de 9 milhões de euros, isto é um paradoxo. Num país que pretende ser competitivo e sabendo que o conhecimento é uma alavanca para o crescimento, não há vontade política para aumentar os salários”, contestou.

Segundo Eduardo Peres Alberto, há cerca de 3.400 docentes do ensino superior, com um salário médio de 373.000 kwanzas, enquanto a remuneração de um professor catedrático pode ir até aos 593.000 kwanzas.

“Não se pode falar na melhoria da qualidade do ensino com este salário miserável”, lamentou.

O SINPES sublinhou, num comunicado, que é “recorrente a morte de vários docentes devido à precariedade na assistência médica e medicamentosa”. Uma “precariedade” que “deriva da deficiente remuneração” da classe docente, refere.

Nas negociações entre as partes, durante a greve do ano passado, ficou a promessa de serem atendidas duas reivindicações, das quatro fraturantes do caderno reivindicativo dos docentes, nomeadamente fundos para a investigação científica e formação contínua.

Quanto aos salários e seguros de saúde, a resposta a estas duas reclamações ficou pendente e seria submetida ao titular do poder executivo.

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