Guerra na Ucrânia: OMS avisa que 10 milhões de ucranianos podem morrer este inverno

Guerra na Ucrânia: OMS avisa que 10 milhões de ucranianos podem morrer este inverno

A Organização Mundial de Saúde (OMS) contou 703 ataques ao sistema sanitário na Ucrânia desde o início da invasão russa, em Fevereiro, alertando esta segunda-feira para os riscos do inverno para a sobrevivência de milhões de pessoas.

“Os ataques continuados às infraestruturas de saúde e de energia significam que centenas de hospitais e instalações de saúde deixaram de estar operacionais, sem combustível, água e electricidade para atender às necessidades básicas”, disse Hans Kluge, director regional para a Europa da OMS, num comunicado divulgado em Kiev e citado pela Lusa.

A OMS refere que na Ucrânia, as maternidades precisam de incubadoras, os bancos de sangue precisam de frigoríficos e as camas de cuidados intensivos precisam de ventiladores, lembrando que todos estes equipamentos requerem energia — um bem cada vez mais escasso por causa dos recentes ataques russos às infraestruturas energéticas do país.

“Hoje, 10 milhões de pessoas – um quarto da população – estão sem energia. O frio pode matar. Prevê-se que as temperaturas desçam para 20 graus Celsius negativos em algumas partes do país”, alertou Kluge, que está a realizar a sua quarta visita à Ucrânia desde o início da invasão russa, em final de Fevereiro.

O director regional da OMS na Europa explicou que há centenas de milhares de famílias que “estão desesperadas para se manter aquecidas”, recorrendo a métodos alternativos de aquecimento, como a queima de carvão ou madeira ou o recurso a geradores a diesel, o que “traz riscos à saúde, incluindo a exposição a substâncias tóxicas que são nocivas para crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios ou cardiovasculares”.

Hans Kluge aproveitou ainda para chamar a atenção para as consequências do agravamento das condições físicas na saúde mental dos ucranianos, dizendo que “cerca de 10 milhões de pessoas correm o risco de transtornos mentais, como ‘stress’ grave, ansiedade ou depressão”.

“Ao treinar profissionais de saúde sobre como fornecer serviços de saúde mental, a OMS até agora alcançou 1.400 pessoas com condições graves de saúde mental em toda a Ucrânia”, disse o director regional da OMS, referindo as dezenas de milhares de consultas que aqueles especialistas realizaram, através de equipas móveis.

Hanks Kluge defendeu que a Ucrânia precisa de “recursos sustentados” para o sistema sanitário, durante o inverno, mostrando-se preocupado com determinados sectores da população mais vulneráveis.

“Estou muito preocupado com os 17.000 doentes com HIV em Donetsk, que em breve poderão ficar sem medicamentos anti-retrovirais essenciais, que os ajudam a manter vivos”, avisou o dirigente da OMS, mostrando-se disponível para ajudar a mobilizar agentes parceiros para atenuar este problema.

“Junte-se a isto um aumento esperado da gripe sazonal e dificuldades no acesso aos serviços de saúde, e podemos estar perante um cenário de desastre para as pessoas mais vulneráveis”, avisou Kluge, concluindo que “o sistema de saúde da Ucrânia está a enfrentar os seus dias mais sombrios da guerra até agora”.

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