A analista da Capital Economics que segue Angola prevê um crescimento de 3% este ano, mas alerta para o regresso a taxas abaixo de 1,5% até 2024, com o petróleo a dificultar a expansão da economia.
“Antevemos um crescimento de 3% este ano, depois de 0,7% em 2021, e esperamos que o rácio da dívida face ao PIB melhore para 52% até final do ano devido ao maior PIB nominal, uma moeda mais forte e um grande excedente orçamental primário, mas não vai demorar muito até Angola voltar a uma trajectória de crescimento baixo”, entre os 0,5% e os 1,5% entre 2023 e 2024, alertou Virág Fórizs.
Em declarações à Lusa no seguimento das eleições em Angola, na quarta-feira, a analista que acompanha a economia angolana previu que um segundo mandato de João Lourenço será marcado pela continuação dos esforços de diversificação e do programa de privatizações, mas alertou: “Achamos que o progresso vai provavelmente continuar a ser marginal e a economia vai continuar dependente do sector da energia; o ponto principal é que a recente robustez desta indústria vai desvanecer e vai voltar a ser um ‘peso-morto’ no crescimento económico”.
Além disso, continuou, “os preços do petróleo vão provavelmente descer em 2023 e 2024 e a produção petrolífera angolana vai continuar a descer, já que a reversão de um sub-investimento na indústria é improvável, especialmente com o mundo a afastar-se cada vez mais dos combustíveis fósseis, o que deverá também criar dificuldades ao aumento da produção de gás”.
Para a Capital Economics, os persistentes problemas no sector petrolífero, bem como a vontade de manter o ambiente económico atractivo para os investidores, “vão provavelmente impedir os decisores políticos de abrirem demasiado os cordões à bolsa, o que deverá levar a um apenas ligeiro aumento da despesa pública nos próximos anos”.
A perspectiva pouco animadora para a economia nos próximos anos não impede, no entanto, Virág Fórizs de reconhecer os sucessos económicos do país no passado recente: “Na vertente económica, Angola fez um progresso substancial no sentido da recuperação da estabilidade macroeconómica, particularmente quando se trata de políticas fiscais e monetárias”, vincou a analista, lembrando o programa de ajustamento económico com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a liberalização da taxa de câmbio, que recuperou das fortes perdas do final da década passada, a rondar os 65%, para estar finalmente num ponto de equilíbrio face ao dólar.
“Assumindo que não há violência [no seguimento das eleições] e a reeleição de João Lourenço, pensamos que a economia vai continuar ‘nas nuvens’ devido ao petróleo por mais uns trimestres, mas depois regressa a uma trajectória de baixo crescimento”, concluiu a analista.
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) venceu as eleições gerais de Angola com 51,07%, seguido da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) com 44,05% dos votos, divulgou a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola, quando estavam escrutinadas 97,3% das mesas de voto.
Os resultados provisórios foram divulgados na quinta-feira pelo porta-voz da CNE, Lucas Quilundo, numa altura em estavam escrutinadas 97,3% das mesas de voto, pelo que não deverá haver alterações substanciais, adiantou.
Segundo estes dados, o MPLA elege 124 deputados e a UNITA fica com 90 assentos parlamentares.
A histórica Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o Partido de Renovação Social (PRS) e o estreante Partido Humanista de Angola (PHA), único liderado por uma mulher (Bela Malaquias), elegem dois deputados cada um e a coligação Convergência Ampla de Salvação Nacional – Coligação Eleitoral (CASA-CE) deixa de ter representação parlamentar, perdendo os 16 lugares que tinha.
A abstenção, segundo Lucas Quilundo, ficou acima dos 54%.
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