O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) está a monitorar o relançamento da actividade agrícola nos centros de reassentamento dos deslocados, e em alguns distritos da província de Cabo Delgado, afectados pelos ataques terroristas, no âmbito da janela de emergência do programa Sustenta.
Pouco mais de 400 mil famílias deslocadas receberam cerca de 79.601 kits de insumos agrícolas, constituídos por sementes, fertilizantes, enxadas, catanas entre outros. No quadro da iniciativa, o vice-ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Olegário Banze, visitou alguns distritos do sul de Cabo Delgado, nomeadamente Metuge, Ancuabe, Balama e Montepuez, para monitorar o estágio das culturas e incentivar os deslocados a se empenharem na produção.
Para além dos centros de reassentamento, a equipa deslocou-se a algumas comunidades dos distritos de Mueda e Muidumbe, norte de Cabo Delgado, onde a população tende a regressar às suas aldeias, um ano depois de terem fugido, devido à intensificação dos ataques terroristas.
Nessas comunidades, a população retomou a agricultura, encontrando-se, neste momento, envolvida nas sachas. As culturas, com destaque para o milho e leguminosas, estão em franco crescimento vegetativo, com sinais de boa produção agrícola.
Falando a jornalistas, Olegário Banze classificou o programa de promissor, de fendendo que o mesmo vai atingir o objectivo que é tirar as famílias deslocadas da dependência de ajuda alimentar do Governo e parceiros, dotando-as de capacidade de produzir comida, uma vez que há terra para tal.
Olegário Banze afirmou que em todos os campos visitados, quer dos centros de reassentamento, quer das aldeias de retorno, viu o interesse da população em produzir comida, na expectativa de dias melhores, apesar da situação imposta pelos terroristas. No distrito de Muidumbe, Banze deslocou-se à sede do posto administrativo de Miteda, onde dialogou com camponeses que não esconderam a sua satisfação pelo gesto do Governo.
“Ficamos satisfeitos por saber que os insumos distribuídos estão a ser usados para produzir comida. Em todos os campos visitados, testemunhamos a entrega da população na retoma das actividades de subsistência, com destaque para a agricultura. Pelo aspecto das plantas, dada a queda regular das chuvas, acreditamos numa boa produção agrícola nesta campanha”, disse Banze.
O governante referiu que para além de insumos agrícolas, o Governo afectou extensionistas, em todos centros de reassentamento e não só, para apoiar os camponeses nas técnicas de produção agrícola e no combate a possíveis pragas que podem comprometer a produção.
Entretanto, o administrador do distrito de Muidumbe, Saíde Ali Chabane, disse ao “Notícias” que em todas as aldeias do distrito que tinham sido abandonadas pela população, devido aos ataques, há sinais de retorno da população que está envolvida na produção agrícola, esperando que mais gente retorne nos próximos tempos.
“A população tende a regressar, ainda que seja de forma tímida. Muidumbe tem cerca de 14 mil deslocados que saíram para vários pontos e, neste momento, as famílias que regressaram estão a produzir, mercê ao apoio do sector da agricultura que disponibilizou insumos. Não tenho, neste momento, o número de extensão de áreas abertas nesta campanha, mas o importante é que todos voltaram a produzir”, referiu.