Não me importa se cantou Mr. Kuka ou Valdemiro José no Dubai. Não me importa quem cantou e quem não cantou, apenas me faz impressão a forma infantil e desdenhosa como o Ministério da Cultura e Turismo trata a nossa cultura. Em todos os cantos do país há ministérios religiosos que operam milagres e o nosso ministério da cultura recusa-se a aprender essas técnicas para tirar a paralisia da nossa cultura.
Nós temos um Ministério da Cultura e Turismo que desfila em mediatecas da cidade e compra caixinhas de canetas para assinar memorandos que só servem para saltitar nos rodapés da televisão. Um ministério cheio de cultura e protocolos políticos, um ministério de inaugurações de exposições na capital, um ministério que se engravata para feriados nacionais na capital, um ministério que não sabe que a cultura é com um exército: pode destruir um país.
Nós temos um Ministério da Cultura e Turismo que desfila em mediatecas da cidade
Em Novembro a Paulina Chiziane esteve na Expo Dubai. Graças ao Prémio Camões esse ministério exumou a Paulina da lápide do esquecimento. É um ministério com uma excelente cultura de esquecimento, um ministério com tácticas perfeitas para enterrar os mais belos fazedores da nossa cultura.
Temos um ministério da cultura que chama de cultura moçambicana a toda tralha que se faz em Maputo, um ministério que passa milénios de semana saltitando, como artista de circo, em casas de artistas de Maputo. E os artistas de outras províncias, e os fazedores de cultura de outras províncias, disputam os mamilos murchos das casas de cultura e reviram as mãozinhas dos empresários como cães de rua.
Temos um ministério da cultura que chama de cultura moçambicana a toda tralha que se faz em Maputo
É triste ver esse ministério reduzido a uma lesma que apenas circula em Maputo, é triste, e é falta de cultura, quando um ministério desses se transforma em frequentador de funerais de artistas, apenas de artistas de Maputo. Os artistas que saracoteiam em outras províncias, terminam em valas comuns descamisados como David Mazembe. E nunca há um pio do ministério quando tudo acontece fora da capital. Um ministério da cultura sem cultura…