UE espera retoma dos projectos de exploração de gás da bacia do Rovuma dentro de meses

O embaixador da União Europeia (UE) em Moçambique acredita dentro “de meses” haverá segurança em Cabo Delgado para que comece o regresso dos grandes investimentos associados ao gás natural, referiu, em entrevista à Lusa.

Questionado sobre se Moçambique arrisca perder a oportunidade de rentabilizar as reservas de gás da bacia do Rovuma, se levar anos até resolver a insurgência armada na região, António Gaspar diz que prefere falar “em meses em vez de anos”, até que se inicie a “normalização” da vida em Cabo Delgado.

Cabo Delgado “está muito mais seguro, sem dúvida,” disse, desde que as tropas do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) começaram a apoiar as forças moçambicanas em 2021.

A UE segue a situação e mantém contactos, em coordenação com a SAMIM (missão militar da SADC) e os militares do Ruanda, que apontam agora para “ataques mais esporádicos” por parte dos rebeldes que atormentam a região a quatro anos e meio.

“Não quer dizer que a situação esteja completamente controlada. Não podemos baixar a guarda, mas já melhorou bastante e o trabalho que está a ser feito por essas forças, com Moçambique, já está a dar resultados”.

Seja como for, “há muito trabalho a longo prazo” porque “pode haver mistura de insurgentes com a população, as fronteiras [com a Tanzânia] continuam porosas”, entre “muitas outras razões”.

“Mas estou optimista”, realça António Gaspar à Lusa.

O regresso da petrolífera Totalenergies, líder do consórcio investidor no gás, não está em dúvida, disse, “é uma questão de [se saber] quando. Eu pessoalmente não tenho nenhuma dúvida” sobre o retorno dos projectos à península de Afungi, suspensos há um ano após um ataque à vila de Palma.

“São esses investidores e sobretudo a Total que tem de decidir, com todas as garantias. É verdade que, da última vez, os ataques perto de Afungi foram um choque” e as empresas “tiveram de suspender” a operação, disse António Gaspar.

“Agora, querem regressar com todas as garantias”, acrescenta. “Acho que o gás de Moçambique, no contexto actual, com a necessidade estratégica da UE para reduzir drasticamente e terminar com a dependência dos hidrocarbonetos da Rússia” ganha uma nova oportunidade.

Ao mesmo tempo que antevê para dentro de meses a vida a começar a regressar ao normal, António Gaspar acredita que tal acontecerá com segurança em todo o território.

O embaixador da UE acha que “não haverá risco de dupla segurança”, mais apertada na zona dos projetos de gás (distrito de Palma e Mocímboa da Praia) e menos exigente no resto da província.

“Cabo Delgado é grande, mas não é o Sahel, não é aquele espaço de milhões de quilómetros onde não há administração do Estado. Em Moçambique, a administração do Estado chega a todos os lugares do país”, conclui.

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