O investigador e analista João Feijó considera que o Presidente da República, Daniel Chapo, é um cidadão sem perfil presidencial e que, durante a sua governação, vai lidar com adversários robustos.

Falando esta tarde no Podcast do Centro de Integridade Pública “CIP Cast”, Feijó elencou o isolamento, Venâncio Mondlane, a Frelimo, e os financiadores como os principais entraves para a sua governação.

Ele entende que, do ponto de vista de militância partidária, Chapo surgiu da “fauna acompanhante” de membros do partido com perfil burocrático. Ou seja, o actual presidente do país transmite ainda uma imagem de um funcionário público comum. Aliás, notou ser pela primeira vez que o país tem um Presidente que não surge dos sectores críticos do país como a defesa, segurança ou Ministério do Interior.

“Portanto, ele não controla as áreas sinistras no partido… Penso que está isolado. Não tem o perfil para enfrentar um partido e seus financiadores com inúmeros interesses” disse, notando que, mais ainda, Chapo tem a sua imagem fragilizada aos olhos da população pela “ilegitimidade” presidencial que lhe foi atribuída.

O facto de Chapo não ter o controle total do partido Frelimo pode ser impeditivo para tomar decisões mais arrojadas.

Para o analista, Chapo está na sombra de Venâncio Mondlane quando a questão é apresentar um perfil presidencial e de destreza comunicativa. Enquanto um é mais carismático e reúne consensos ao nível das massas, outro está limitado a um quadro de funcionário público com discursos corriqueiros.  

“Neste momento [Chapo] está na sombra de um candidato, Venancio Mondlane, que está nos antípodas da capacidade de comunicação com as massas. Daniel Chapo tem um aspecto mais pesado, mais burocrata. Olhamos para ele, transmite a imagem de um funcionário de uma conservatória. É um pacato funcionário público, com discurso apagado, cinzento e cansado. Não tem o dinamismo que tem Venâncio Mondlane com a sua oratória, carisma e sorriso que irradia simpatia junto das massas” comparou.