Após a sua pior queda na história, o mercado de bens pessoais de luxo conheceu uma recuperação em forma de “V”, atingindo os 288 mil milhões de euros em valor, conclui a Bain & Company no seu “Luxury 2022 Spring Update – Rerouting the Future”.
“O mercado global de bens pessoais de luxo atinge 288 os mil milhões de euros em valor em 2021 e teve um desempenho notável no primeiro trimestre de 2022”, refere a Bain & Company, citado pelo jornal Económico, num research sobre a evolução do mercado de luxo e perspectivas para 2022.
As marcas de luxo desfrutaram do crescimento numa forte época de compras no final do ano e mantiveram o ímpeto nos EUA e uma recuperação mais rápida do que se esperava na Europa, diz a consultora.
“Após a sua pior queda na história, o mercado de bens pessoais de luxo conheceu uma recuperação em forma de “V”, atingindo os 288 mil milhões de euros em valor. O mercado beneficiou de uma exuberante temporada de compras de fim de ano em 2021 em todas as regiões, com um aumento de 7% em relação ao mesmo período dois anos antes, em 2019.
Além disso, a China continuou a registar um crescimento de dois dígitos no ano passado e os mercados ocidentais registaram uma procura local sustentada – os Estados Unidos, em particular, mantiveram a dinâmica.
Estas são as principais conclusões da Bain & Company, o maior consultor mundial da indústria mundial de bens de luxo, no seu Luxury 2022 Spring Update – “Rerouting the Future”.
O estudo foi divulgado em colaboração com a Fondazione Altagamma, a fundação italiana da indústria dos fabricantes de artigos de luxo.
“Apesar dos desafios macroeconómicos significativos, incluindo a hiperinflação, o abrandamento do crescimento do PIB e o conflito Rússia-Ucrânia, o mercado de bens pessoais de luxo mostrou-se mais uma vez resiliente”, disse Claudia D’Arpizio, sócia da Bain & Company e principal autora do estudo. “As marcas de bens de luxo começaram este ano a mostrar um crescimento especialmente forte, desempenhando ao mesmo tempo um papel de liderança na contínua transformação sustentável e digital do mundo”, refere.
O ano de 2022 começou forte, com os EUA e a Europa a liderarem o crescimento. “O mercado de bens de luxo pessoal teve um desempenho notável no primeiro trimestre de 2022, crescendo 17% a 19%, às taxas de câmbio actuais (13-15% a taxas de câmbio constantes), durante o mesmo período em 2021”, diz a Bain & Company. Ora isto acontece por várias razões. Por um lado, a Europa está a acelerar a sua recuperação, apesar da sombra da guerra.
“A região está no caminho da recuperação para os níveis de 2019, graças a uma procura local em expansão impulsionada por uma feroz atitude de ‘regresso ao normal’ e uma recuperação do turismo intra-regional. O impacto do conflito Rússia-Ucrânia tem sido até agora limitado aos mercados locais, mostrando consequências limitadas no sentimento e nos gastos globais dos clientes de luxo”, diz a consultora.
“Os EUA estão a explorar o poder da diversidade e da inclusão. O mercado de luxo dos EUA está a experimentar um crescimento sem precedentes à medida que as marcas de luxo estão a libertar o verdadeiro poder da diversidade e da inclusão, descobrindo o verdadeiro potencial de toda a base de clientes americanos.”, lê-se no comunicado.
Os gastos da China são esmagados devido às rigorosas restrições da Covid, revela a Bain & Company. A China mostrou uma forte dinâmica durante o Ano Novo Chinês e até Março de 2022. No entanto, o consumo do país foi posto em causa com as suas rigorosas restrições anti-Covid, que se revelaram muito mais significativas do que as suas políticas em 2020. No entanto, o apetite dos consumidores locais permanece forte e levará potencialmente o país a recuperar entre o final de 2022 e o início de 2023, antevê a Bain & Company.
Por outro lado, a Coreia do Sul, também consumidor de bens de luxo, passa por uma profunda transformação. O país aumentou a sua dimensão e relevância cultural, substituindo os gastos turísticos pela procura local. “As marcas vencedoras reinventaram com sucesso o seu modelo de negócio no país para satisfazer a crescente procura e influência locais”, refere a consultora.
Oportunidades de crescimento futuro para as marcas de luxo
O mundo virtual é uma oportunidade para as marcas de luxo. “Para além do crescimento proporcionado pelos produtos de luxo tradicionais, os activos digitais e o mundo virtual – o metaverso, as redes sociais e os jogos – desempenharão um papel cada vez mais relevante nas propostas de valor das marcas de luxo”, refere o estudo.
A Bain & Company antevê que até ao final de 2030, os activos digitais e o metaverso representarão 5% a 10% do mercado dos bens de luxo.
As marcas de luxo têm a oportunidade de desempenhar um papel fundamental na formação dos mundos virtuais em ascensão, actuando como criadores e construtores, defende a consultora que invoca a crescente relevância dos canais directos para o consumidor. A disrupção tecnológica favorece as marcas de luxo que adoptam uma abordagem uber-channel, construindo uma nova intimidade com os clientes ao alavancar novos e evoluídos pontos de contacto.
No que toca ao apelo da sustentabilidade, a Bain & Company fala na falta de padrões claros de sustentabilidade, o que, juntamente com uma maior procura de produtos sustentáveis por parte dos consumidores e a evolução dos tópicos de sustentabilidade, “representam um apelo à acção para marcas de luxo: inovar em sustentabilidade para construir uma vantagem competitiva”.
Está a surgir um novo futuro no mercado de trabalho, especialmente para as gerações mais jovens. Isto porque as marcas de luxo precisarão de expandir as suas propostas de valor, abraçar a diversidade, tornarem-se criadores de talentos em oposição aos recrutadores de talentos e aproveitar de forma inteligente a automatização.
O mercado poderá atingir 360 a 380 mil milhões de euros até 2025, estima a consultora. A Bain & Company estima que o crescimento do mercado alcance esses montantes, destacando duas trajectórias possíveis para 2022. Uma é um cenário optimista, em que a trajectória de crescimento da primeira metade de 2022 continua ao longo de todo o ano. Neste cenário, o mercado atingiria cerca de 320 mil a 330 mil milhões de euros até ao final de 2022, crescendo 10% a 15%.
A outra trajectória é um cenário mais lento, que projecta um ritmo de crescimento potencialmente mais baixo devido a uma recuperação mais lenta da China continental e a gastos desafiadores em mercados maduros causados por pressões inflacionistas e abrandamento macroeconómico. De acordo com esse cenário, o mercado atingirá os 305 mil a 320 mil milhões de euros no final de 2022, crescendo apenas 5% a 10% em relação a 2021.
“Nos últimos meses, as marcas de luxo foram obrigadas a redirecionar os seus futuros” disse Federica Levato, sócia da Bain & Company e co-autora do relatório.
“Os vencedores irão abraçar rapidamente as mudanças, assegurando que compreendem plenamente as implicações das novas dinâmicas geopolíticas e as tendências culturais para todos os seus stakeholders, os consumidores, os investidores, os trabalhadores da indústria e a sociedade em geral. Aqueles que tomarem a dianteira à frente aproveitarão as oportunidades apresentadas pelo mundo virtual, a transformação da sustentabilidade e as preferências das gerações mais jovens”, conclui a consultora.
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