“Dívida africana é ridícula”, diz economista guineense

“Dívida africana é ridícula”, diz economista guineense

O economista guineense, Carlos Lopez, considera de “ridículas” as dívidas de países africanos se comparado com os países do norte. Ele falava no rescaldo da recente reunião da Cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, que decorreu em Paris.  Entre os temas mais debatidos foram as dívidas soberanas dos países mais vulneráveis que tanto pesam sobre suas economias, escreve a RFI.

O encontro reuniu mias de 40 líderes africanos, e o economista notou a fraca capacidade de os países africanos garantirem financiamento nos mercados internacionais.

“Em todos os sentidos, a dívida africana é ridícula. Se tivermos em conta o que diz o banco responsável pela regulação mundial no sistema bancário, o Bank of International Settlements, há um fosso criado pela dívida soberana de 800 biliões de dólares onde os 800 mil milhões de África não são nada. E, depois para complicar as coisas, podemos olhar para a dívida em relação ao PIB e o rácio da África é muito baixo, é de 60%, a média dos países ricos é de 120%, portanto nós não somos os responsáveis principais pela dívida”, explicou o economista Carlos Lopes.

Carlos Lopes esteve em Paris para acompanhar esta cimeira, tendo integrado também o grupo de 12 economistas que fizeram diversas propostas de estímulo da economia global de forma a financiar os países mais vulneráveis, que têm mais dificuldades em apostar no desenvolvimento sustentável. Com o aquecimento global, o economista defende que África está a pagar um preço mais elevado do que a sua contribuição.

“Se seguirmos os relatórios científicos e compararmos com os montantes e atitudes dos diferentes países para poder dar satisfação à exigência de conter o clima e as mudanças climáticas em várias frentes, nomeadamente da temperatura, de 1,5 graus até 2050 não estamos nem perto dessa trajectória. A ideia é saber quem são os responsáveis. Os países africanos emitem cerca de 3% das emissões totais e quando vemos a contribuição do continente para a captura do carbono, nós somos contribuintes da solução, não somos parte do problema e devíamos ser compensados por isso”, defendeu.

Neste fórum, Carlos Lopes garantiu que as vozes dos países africanos e da América Latina se fizeram ouvir.

“Durante esta cimeira tivemos vozes estridentes a dizer ‘basta!’, não queremos mais esta discussão. Tivemos o Presidente Lula, o Presidente Rutto do Quénia, o Presidente Ramaphosa da África do Sul, tivemos uma série de protagonistas africanos todos em sintonia, com a primeira-ministra dos Barbados, e, portanto, há grandes chances de este ano podermos chegar a alguns resultados importantes”, declarou.

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