A Agência das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alertou, esta quarta-feira, que quase 147 milhões de crianças em todo o mundo perderam mais de metade da sua escolaridade presencial nos últimos dois anos, devido a pandemia da covid-19, e volvidos dois anos, em 23 países as escolas ainda não reabriram completamente.
A nota introdutória do relatório da agência das Nações Unidas “Are children really learning?” (“As crianças estão realmente a aprender?”) avança que o impacto da pandemia na educação agravou uma “crise educativa global que já ameaçava o futuro de milhões de crianças em todo o mundo”.
A Unicef disse que, desde que há dados, entre 2018 e 2020 o número de alunos fora da escola aumentou em 5,9 milhões. Mas com a agravante da pandemia, a situação saiu de mal para pior: na África do Sul o número triplicou de 250.000 alunos fora da escola para 750.000 alunos, entre Março de 2020 e Julho de 2021; no Maláui, a taxa de abandono escolar entre as raparigas no ensino secundário aumentou 48%, de 6,5% para 9,5%, entre 2020 e 2021.
Na Libéria (43%), no Uganda (10%) e no Quénia (16%) há evidencia de que crianças não retornaram às escolas.
No documento diz que cerca de 23 países ainda não retomaram o curso normal das aulas, ou seja, as escolas não abriram completamente, agravando o risco de mais abandono.
Na maioria dos países da África subsaariana analisados, menos de uma em cada dez crianças tinha as competências fundamentais esperadas para a sua idade.
De acordo com o comunicado, “Em Moçambique, o encerramento das escolas afectou cerca de 80% do ano lectivo de 2020 para alunos das classes sem exames, bem como para jovens e adultos. No ano lectivo de 2021, escolas em áreas de alto risco foram fechadas de 19 de Julho a 27 de Agosto, ou 30 dias lectivos. Isso representa 18,7% do ano lectivo, afectando 18% do total de alunos do ensino primário e secundário. Os grandes esforços foram feitos para permitir as escolas à reabrir e continuar apesar das últimas vagas da COVID-19. Entretanto, as crianças precisam de apoio suplementar para recuperar os conteúdos académicos, sobretudo porque algums alunos só podem ter as aulas presenciais alguns dias por semana, ou as crianças nas zonas afectadas por emergências tiveram interrupção de aprendizagem por causa dos ciclones ou crise do Norte do pais.”