Hoje pode parecer uma escultura, sim, pois antes parecia outra coisa que até ali ninguém imaginava ser o que é actualmente. Esta é uma vila esculpida entre as escarpas montanhosas que escondem um dos enormes monstros hidroeléctricos da região austral de África, e quiçá mundial. Actualmente, a vila de Songo se confunde com algumas grandes cidades moçambicanas, graças a um longo trabalho social desenvolvido pela HCB, a empresa estatal de energia.
Antes de ser “orgulho nacional”, como se diz no slogan, é digna de ser rotulada de orgulho de Songo, uma vila que antes não conhecia tanto desenvolvimento como actualmente ostenta, embora prevaleçam alguns desafios.
Na verdade, é uma grande satisfação para o povo daquela pacata vila de cerca de 50 mil habitantes, de acordo com o Censo de 2017, que nasceu dos escombros das dunas que escondem por dentro da albufeira de Cahora Bassa, a quarta maior de África, ou seja, o rio Zambeze que deu à luz um monstro energético: a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).

Conforme destacou o presidente do conselho de administração da HCB, Tomás Matola, durante a sua participação na 2.ª Conferência de Energia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a contribuição da HCB ao longo dos seus 50 anos de existência tem sido determinante para o crescimento de Moçambique, quer através do fornecimento de energia eléctrica a nível nacional e regional, quer por via dos seus projectos de responsabilidade social.
Segundo Matola, “os investimentos contínuos da HCB em infra-estruturas sociais — como escolas, centros de saúde, estradas e sistemas de abastecimento de água — nas comunidades vizinhas ao empreendimento, reforçam o compromisso da empresa com o desenvolvimento sustentável”.
De acordo com o PCA da HCB, a empresa não se limita a contribuir financeiramente em impostos para o Estado, onde prevê para este ano embolsar cerca de 300 milhões de dólares (18 mil milhões de meticais), assume também um compromisso com o desenvolvimento social das comunidades locais. “A HCB apoia a educação através da construção de escolas, aquisição de carteiras, entre várias outras formas. No sector da saúde, contribuímos para a construção de hospitais e centros de saúde.”
Na verdade, ao que tudo indica, a vila do Songo tem se beneficiado muito por esta determinação da HCB nos projectos de desenvolvimento, colocando a energia e o investimento social ao serviço da inclusão e do progresso local. Para quem conhecia a vila há dez anos, hoje a transformação é tão maior, desde as infra-estruturas sociais e básicas até actividade comercial. É uma pequena vila que já reclama outro estatuto ainda que já tenha sido elevada à categoria de autarquia.
Gilito Sérgio, residente na vila de Songo há mais de 40 anos, conta com satisfação o contributo da HCB para o desenvolvimento da vila que, segundo ele, vai muito além do desenvolvimento de infra-estruturas. “A HCB é como um pai para as comunidades da vila de Songo. Tudo que somos hoje é graças à hidroeléctrica. Estamos a viver um verdadeiro desenvolvimento na vila”, referiu ao MZNews.
O mesmo sentimento é partilhado pelo jovem Custódio Combo, natural da cidade de Tete, mas que viveu na vila durante cinco anos aquando dos seus estudos. Hoje, formado em engenharia informática pelo Instituto Superior Politécnico do Songo (ISPS), o jovem destaca o melhoramento das vias bem como de algumas infra-estruturas sociais (saúde e educação) sendo uma grande conquista para as comunidades.
“Só de 2020 até hoje, a vila mudou bastante. Até parece uma cidade capital da província, o Songo dá inveja pelo desenvolvimento que tem observado actualmente. Hoje em dia, os jovens já não precisam de ir à cidade de Tete ou a Moatize procurar emprego, a vila já tem muito para dar”, realça Custódio Combo.
Uma expansão eléctrica que já desponta desenvolvimento
Se antes, os lugares com acesso a iluminação eléctrica eram fáceis de apontar e o comércio limitava-se ao essencial e com horas de actividade muito reduzidas, hoje a história tomou um novo rumo. Há iluminação 24h na vila, e o comércio tende a fluir para o regozijo das comunidades.
“Antes dependíamos de painéis solares e de geradores para operar, mas só para quem tinha condições financeiras para adquirir estes equipamentos. Mesmo assim, os lucros não ajudavam, os gastos eram maiores. Agora com a expansão da rede eléctrica a actividade comercial melhorou bastante”, conta Elizeu Gimo, um dos comerciantes na vila de Songo.
Os bairros da Unidade e Catondo foram dos últimos na vila a beneficiarem-se da energia eléctrica. E os residentes contam como era a vida antes da rede eléctrica.
“Era um sofrimento, sofriamos tantos assaltos pois estava tudo às escuras. Nem tínhamos como conservar os nossos produtos e muito menos para exercer algum negócio”, disse Teresa Paulo, residente no bairro da Unidade.

A construção de um Terminal Rodoviário e do Mercado Central para as comunidades da vila, são os outros sinais de crescimento de Songo, pois as duas infra-estruturas permitiram capitalizar o afluxo de pessoas para dinamizar a actividade comercial. Para a HCB, o projecto orçado em pouco mais 110 milhões de meticais, “tinha como propósito a reorganização da actividade comercial ao nível da vila de Songo, retirando os vendedores informais das ruas para o interior dos mercados, mas também, permitir a integração de um terminal rodoviário junto ao mercado”.
Abastecimento de água é também prioridade
Além da construção das vias de acesso como também de infra-estruturas sociais, as acções da hidroeléctrica têm vindo a contribuir para que muitas comunidades na vila tenham acesso à água potável. E por forma a acompanhar o crescimento populacional da vila, a HCB avançou, segundo revela um documento sobre Responsabilidade Social referente ao ano de 2023, com a ampliação do sistema de abastecimento de água na vila do Songo com a construção do novos reservatórios na zona norte e na zona sul, bem como, a ampliação da rede de distribuição.
Para a população, o problema de abastecimento de água já é uma página virada na vila. Apesar de ainda não ter se resolvido na totalidade, os residentes do Songo não têm dúvida que este já tem dias contados.
“Posso afirmar que já não há problema de abastecimento de água aqui na vila. Comparando com os anos passados, já estamos bem”, afirmou Elina João.
De Songo ao resto do País
A aposta no desenvolvimento liderada pela HCB, na verdade, não se resume apenas na vila do Songo onde a hidroeléctrica está instalada. As acções desta, são testemunhadas em todo o território nacional, quer em impostos, mas também nas suas acções nobres de responsabilidade social.
Ao todo, são mais de mil milhões de meticais investidos ao longo dos últimos cinco anos pela HCB em projectos de desenvolvimento, desde a educação, saúde, desporto, cultura até aos apoios de emergência humanitária.
Para alguns, a HCB é das poucas grandes empresas que se mostra um exemplo a seguir em matéria de responsabilidade social, pois as suas acções não só acontecem na Vila do Songo, mas também para outras províncias do País, destacando a construção de um Centro de Saúde Tipo II em Mueda, província de Cabo Delgado.
Esse é, entre vários, um exemplo do comprometimento daquela que é actualmente a principal e maior fornecedora de energia eléctrica no País, mas também para alguns países da região. A empresa produz, transporta e comercializa energia eléctrica desde 1975, iluminando a vida e os sonhos de vários moçambicanos.
Texto: Hermenegildo Langa & Foto: DR
Deixe uma resposta