Retorno gradual da segurança em Cabo Delgado anima empresários

Retorno gradual da segurança em Cabo Delgado anima empresários

Empresariado de Cabo Delgado vê com optimismo o retorno gradual da segurança e a reabertura de vias de acesso às zonas afectadas pelo terrorismo, mas esperam ajuda do Governo para reconstruir infraestruturas destruídas.

O presidente do Conselho Empresarial de Cabo Delgado, citado pela DW, considera que a reconquista de Mocímboa da Praia e outras zonas anteriormente sob domínio de terroristas, e a reabertura de vias de acesso que se encontravam intransitáveis devido à insegurança, são sinais positivos para o relançamento da actividade económica nos distritos afectados pelo fenómeno.

De acordo com Mamudo Irache, alguns empresários já manifestam a vontade de regressar às origens com a finalidade de reerguerem o que sobrou após a vandalização do grupo armado que actua no norte do país.

“É um grande ganho para o sector empresarial. Estamos a ver que, desde que se anunciou o trânsito Auasse-Macomia, há muita aproximação dos empresários da área afectada, como Mocímboa da Praia, Palma e Macomia, a consultar qual é a possibilidade de regressarem às suas zonas de trabalho. Mas, como o Governo já disse, temos de esperar um pouco para ouvirmos qual é a posição”, pondera.

Dificuldades no regresso

Entretanto, Mamudo Irache antevê dificuldades para os empresários relançarem a sua actividade, uma vez que os empreendimentos e bens que possuíam foram atingidos nas incursões terroristas.

De acordo com Irache, o empresariado, ao retornar às suas zonas, estará fragilizado economicamente e encontrará as suas infraestruturas destruídas. “Como é que nós os empresários vamos lidar com esta situação?”, questiona.

No entanto, o Governo ainda não sabe quanto vai custar a reconstrução dos distritos assolados pelo terrorismo. Numa entrevista concedida recentemente à Rádio Moçambique, o governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, afirmou que estão a decorrer neste momento trabalhos de levantamento e análise com vista a aferir-se se os distritos deverão construir novos edifícios ou então reaproveitar os atingidos pelos terroristas.

“Vai depender da equipa técnica o que vai nos orientar: se é para a edificação de novos edifícios públicos ou se é para a reabilitação, ou montarem-se instalações temporárias para acolher os serviços”, explicou o governador de Cabo Delgado.

Participação dos empresários

Os empresários pedem que, caso seja decidido pelo processo de reconstrução dos distritos devastados, o Governo priorize a participação das empresas locais.

O representante do Conselho Empresarial de Cabo Delgado sugere apoios do Governo para a classe empresarial alavancar os projectos paralisados por causa da insegurança. “O nosso sonho é que na reconstrução seja o empresariado local envolvido directamente e a obter apoio financeiro”, afirma.

Com as estradas abertas, embora com algum condicionalismo, os operadores de transporte falam em melhorias na sua actividade com o incremento de passageiros que regressam às suas zonas de origem, abandonadas devido ao conflito.

Mário Joaquim, operador da rota Pemba-Macomia, comemora: “Estes dias estamos a agradecer porque quando saímos daqui [do terminal de transportes rodoviários de Pemba] não é como há muito tempo que nós estávamos a sentir medo. Aqueles militares dão-nos um pouco de moral e estamos a ver que ficamos seguros [na estrada]”.

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