A Polícia da República de Moçambique (PRM) apela ao uso consciente das tecnologias de informação na disseminação de possíveis ocorrências de crimes sob ponto de vista de se tratarem de informações falsas.

“O uso das tecnologias é livre para o cidadão, mas a liberdade deve estar aliada à consciência, que implica responsabilidade no seu uso”, começou por dizer o Director do Departamento de Relações Públicas da PRM e porta-voz do Comando Provincial de Maputo, Juarce Martins. Ele vincou que “as tecnologias têm vantagens e desvantagens”.

A PRM diz estar a acompanhar “com alguma preocupação” nos medias sociais a divulgação de casos reportados como desaparecimentos de mulheres e crianças.

Martins exemplificou com o caso de uma adolescente do bairro da Liberdade (Matola) que foi à escola e de lá seguiu para algures na companhia de amigas. A rapariga não retornou casa de seus pais por fazer-se tarde e temer represálias pela sua atitude. Terá passado a noite na residência de uma amiga, mas não comunicou aos seus pais. Retornou a casa dos pais no dia seguinte.

“Esse caso tinha sido registado, mas não se trata de nenhum rapto. É mesmo a irresponsabilidade da menor”, referiu, falando no programa Café da Manhã, da Rádio Moçambique, sobre o desaparecimento de mulheres e crianças na cidade e província de Maputo.

Recordou igualmente o caso de desentendimento entre um casal no bairro Mussumbuluco (Matola), em que depois da rixa o homem decidiu levar o filho menor de seis anos como forma de “vingança”.

“Não podemos levar esses dois exemplos e procurarmos generalizar para situações efectiva de rapto ou desaparecimento de crianças”, apelou.

Referiu-se também à informação difundida de uma criança que supostamente desapareceu e foi encontrada morta, “mas em menos de três horas se disse que estava viva”.

Apesar dessas percepções erróneas de desaparecimentos, o porta-voz reconhece que a sociedade está vigilante e precisa de continuar a sê-la, com um espírito de responsabilidade para partilhar determinadas informações.

“Vamos continuar a utilizar as tecnologias de informação, mas precisamos de aprimorar a nossa consciência, educar a nossa sociedade a saber fazer uso das redes socias para bom proveito”, apelou o Director do Departamento de Relações Públicas da PRM.

Juarce Martins disse que para se apurar a veracidade das informações partilhadas nas redes sociais os serviços de inteligência da PRM e do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) fazem o acompanhamento, e até agora não se conseguiu apurar alguma evidência dos fenómenos reportados.

“Enquanto polícias não estamos a dizer que os fenómenos não acorreram, mas é problemático assumir a sua ocorrência sem evidências”, frisou.

Do trabalho realizado junto das comunidades, o porta-voz disse que ainda não houve denúncias de raptos ou sequestros, apesar de ocorrências de natureza criminais, como venda de drogas e prostituição infantil.

No entanto, a PRM continua a receber casos de crianças “que aparentemente já não sabem com fazer para chegar a casa”, levadas às esquadras por pessoas que as encontram desamparadas na via pública.

“Nós [recebemos] as crianças, tentamos fazer diligências e temos conseguido entregar as crianças aos respectivos tutores”, referiu, notando que a maioria dos casos de desaparecimento de crianças não chegam à polícia.  “O correcto seria que todos os casos fossem reportados à polícia para conseguirmos compreender o fenomeno”.

Referindo-se à situação geral da província de Maputo o responsável disse que só no primeiro trimestre do ano registaram-se 520 casos de natureza criminal, contra 554 do mesmo período do ano passado, tendo sido esclarecidos 87% do total registado. A província contabilizou, este ano, 20 acidentes de viação, contra 39 acidentes registados em 2022; reduziu também o número de feridos graves de 41 em 2022 para 11 este ano; houve ainda a redução de óbitos de 41, no ano passado, para 19 no primeiro trimestre de 2023.