Pressionado pela ENI, Moçambique pode perder 2,3 mil milhões de dólares em novos contratos de gás

Pressionado pela ENI, Moçambique pode perder 2,3 mil milhões de dólares em novos contratos de gás

O Estado moçambicano pode perder mais de 2,3 mil milhões de dólares em 25 anos –  92 milhões de dólares por ano –  em um novo contrato de gás que a ENI está a forçar a sua assinatura.

Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP) a multinacional está a pressionar Moçambique a assinar um contrato referente ao projecto Coral Norte, localizado na Área 4 da Bacia do Rovuma, na província de Cano Delgado. O projecto está avaliado em sete mil milhões de dólares.

O contrato proposto pela ENI inclui a exclusão de duas cláusulas cruciais para o interesse nacional, nomeadamente a possibilidade de pagamento do imposto de produção em espécie e a exigência de conteúdo local.

Para o CIP “a negociação de um contrato dessa magnitude, com impactos de longo prazo na economia nacional, deveria ser postergada para o próximo Governo, em respeito ao princípio da prudência e à necessidade de garantir maior transparência e estabilidade nas decisões que afectam o futuro do país”.

A assinatura do contrato sem essas cláusulas pode ter diversas implicações negativas, incluindo a perda de benefícios locais, a redução de receitas estratégicas e o aumento da dependência de multinacionais.

Uma  previsão do CIP sobre possíveis perdas financeiras indicam que: “considerando que o projecto Coral Norte tem características semelhantes as do Coral Sul, estimamos que as perdas económicas podem chegar a 2,3 biliões de dólares ao longo dos 25 anos de duração do projecto – cerca de 92 milhões de dólares por ano”.

Face a esse cenário, o CIP recomenda, entre outros, a que o actual Governo – já na porta de saída – desencadeia encontro com vários extractos sociais para defender o interesse nacional, fortalecer a legitimidade das decisões sobre os recursos naturais, e desafia o próximo governo a desenvolver um marco legal sobre o conteúdo local, criando legislação específica que assegure a redistribuição justa dos benefícios.

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