Novas revelações sobre morte de “Cebolinha” no dia em que PRM boicota vigília em sua homenagem

Novas revelações sobre morte de “Cebolinha” no dia em que PRM boicota vigília em sua homenagem

A Polícia da República de Moçambique (PRM), impediu a realização de uma vigília em homenagem ao dançarino Macassar “Ceboliha” Abacar, na tarde de terça-feira (26), na cidade de Maputo.

A homenagem seria realizada na Avenida Mao Tsé Tung, nas proximidades da 3ª Esquadra da cidade de Maputo, onde Cebolinha perdeu a vida dentro de uma cela.

De acordo com a STV, menos de 30 pessoas estavam presentes para realizar a vigília, entre familiares e membros da sociedade civil. Pelas imagens publicadas, a PRM mobilizou agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e a polícia canina, que bloquearam a Avenida Mao Tsé Tung entre os entroncamentos com as Avenidas Salvador Allende e Tomás Nduda. Naquele momento, o trânsito de veículos ficou condicionado.

Em entrevista, o porta-voz da PRM na cidade de Maputo, Leonel Muchina, disse que a polícia tem várias formas de manter a ordem e tranquilidade públicas. A movimentação do contingente e dos cães foi somente o cumprimento de um trabalho normal, segundo ele.

“A segurança pública faz-se de diversa forma. Nós estamos numa zona com um potencial delectivo violento, falamos da zona da Colómbia. E estamos a falar de uma manifestação que se cria para se instalar numa sub-unidade policial. Estamos a dizer que as pessoas da Zona Militar são potenciais delectivos que podem usar-se desta prerrogativa para criar tumultos. A segurança das pessoas é que está em primeiro lugar. Nós não podemos hipotecar a segurança das pessoas por causa de vontade de outras pessoas que não respeitam a dor e o luto da família que agora devia estar em orações e prestar homenagens a este indivíduo”, explicou Muchina.

As versões sobre a morte de Cebolinha

Na semana passada (sexta-feira, 21), quando notícias sobre a morte de Mussacara “Cebolinha” Bacar já circulavam, lia-se que ele morrera em consequência de agressão por parte da polícia.

Um cidadão [não foi possível apurar a sua identidade] ouvido pela STV contou como terá ocorrido o suposto uso da força por parte da PRM depois de Cebolinha ter aceite a detenção, sem contestar.

“Meteram plástico na cara. Não bateram a ele. Meteram plástico para ele perder respiração e mataram a ele”, disse.

Citado pelo jornal Evidências na edição de terça-feira (25), Muchina disse que Cebolinha teria morrido por conta do frio daquele dia. Referiu que Cebolinha passou a noite sem cobertor, algo que, segundo o porta-voz da polícia, a família devia providenciar. Notou, igualmente que Cebolinha estava debilitado pelo uso de estupefacientes.

Ele foi detido na quinta-feira (20), e ao jornal, Leonel Muchina explicou que, no dia seguinte a polícia apercebeu-se que Cebolinha estava a passar mal.

“O [nosso] colega que atende na permanência imediatamente solicitou uma viatura da polícia que era para levar o jovem ao hospital, mas neste mesmo instante ele acabou perdendo a vida, após fortes convulsões. Suspeitamos que tenha sido morte natural precipitada pela baixa temperatura daquela sexta-feira e o jovem estava debilitado mesmo pelo consumo de estupefacientes”. Na ocasião advertiu que apesar dessas conclusões preliminares, apenas o laudo médico daria uma resposta mais assertiva.

A mãe do finado contou que, naquela sexta-feira (21) foi à esquadra e pediu para ver o seu filho, mas a polícia recusou a visita, mesmo depois de a PRM ter confirmado que ele estava lá detido.

“Quando cheguei à esquadra perguntei se o meu filho estava detido. Então, disseram ‘sim, estava detido’. Eu disse que queria ver o meu filho. Não me deixaram ver o Cebolinha…isso numa sexta-feira”, contou.

Com tudo isto, na terça-feira (25) Muchina reafirmou, ao canal STV, que o jovem morreu em uma cela da 3ª Esquadra da PRM, na cidade de Maputo, e que teve como causa da morte um derrame cerebral “ocasionado não por uma lesão física que o jovem eventualmente teria sofrido como vem-se dizendo na mídia…. Este jovem não foi violentado na subunidade policial”.

No entanto, a polícia diz que o laudo ainda não está disponível, e somente o estará para ser incluído no processo-crime já instaurado.

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