Luísa Diogo questiona liderança do Ministério da Educação. “Eu ensino a liderança aos ministros de todo mundo”

Luísa Diogo questiona liderança do Ministério da Educação. “Eu ensino a liderança aos ministros de todo mundo”

A economista, antiga Primeira-Ministra e Ministra do Plano e Finanças, Luísa Diogo, questiona a competência da actual liderança do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) sobre os erros nos livros escolares do Ensino Primário.

“Isto tem a ver com liderança. Não se pode compreender aqueles erros”, disse a membro do partido Frelimo, em uma entrevista ao Savana, tendo dito: “trabalho com a Universidade Havard [Estados Unidos], ensino a liderança aos ministros de todo mundo”.

Ela explicou que para se evitar tal tipo de situações que revelam incompetências os assuntos devem ser tratados em vários níveis, tal como suceda consigo mesma enquanto Ministra do Plano e Finanças.

“Lembro-me que quando era ministra do Plano e Finanças, o Orçamento do Estado, depois de ser promulgado pelo Presidente da República ia à publicação no Boletim da República (BR). Contudo, a primeira prova do BR, antes de sair para consumo público, ia para o meu gabinete para a última verificação. Eu como ministra mandava para o director do orçamento que fazia a sua verificação, por sua vez descia para o chefe do departamento. Depois destes verificarem e corrigirem, voltava para o meu gabinete para a verificação final. Isto para testar a seriedade com que foram feitas as verificações. É uma questão de controlo das lideranças. Não se faz todos dias, mas o mais importante para um dirigente é que os seus subordinados saibam que o superior hierárquico tem o controlo dos processos”, explicou.

Recordou ainda que na época, apesar de estar a dirigir o Ministério do Plano e Finanças, acompanhava o processo de produção dos manuais escolares, através do procurement que a sua impressão era feira no estrangeiro (Índia) por imposição do doador. “Mas como governo de Moçambique tínhamos o controlo de todo processo de produção do livro escolar”.

Para Diogo é inconcebível que MINEDH tenha permitido tamanha “vergonha” e, com o todo o escândalo assistido, a titular da pasta, Carmelita Namashulua, deveria colocar o cargo à disposição, cabendo ao Presidente da República, Filipe Nyusi, a decisão.

“A outra depende da pessoa que está a dirigir. Não estou a me referir ao Presidente da República, mas como é que você se sente como Ministra. Lembro-me do Doutor Brazão Mazula, quando teve um conflito na Universidade Eduardo Mondlane devido à inclusão, ele pediu para sair e, na altura, o PR Chissano perguntou porquê é que ele estava a pedir para sair?”.

“Há países em que para você continuar a trabalhar bem e à vontade procura a reafirmação da confiança. Estou a dizer que normalmente nos países onde há cultura de prestação de contas, de brio profissional e de mérito há que começar a sentir que o mérito já não está a ser reconhecido. Eu preciso procurar a reafirmação da confiança. Era ir lá e dizer: “Excelência, aconteceu, eu sei que não estou envolvida, mas é meu sector e eu respondo por ele, sinta-se à vontade”. Então, o chefe de Estado decide o que vai fazer. Ninguém está a pedir a ninguém para sair”.

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