Juventude: A Geração que está mergulhada numa crise sem precedentes

Juventude: A Geração que está mergulhada numa crise sem precedentes

Moçambique é um país que tem vindo a perceber um grande crescimento populacional e maior parte da população que o constitui é jovem seguida da população adulta activa. Anos atrás, este grupo foi designado geração da viragem pelo engajamento no trabalho e geração de riqueza o que tornou mais lindo o rosto do país.

Temos, actualmente, uma nova geração a ascender, no entanto, suas características são diferentes das da “geração da viragem”. Actualmente, os jovens são, maioritariamente, preguiçosos, alcoólatras, promíscuos e nada comprometidos com o desenvolvimento da nossa pátria amada, no entanto, muito ambiciosos.

Mas, como não serem preguiçosos se foram mimados, cresceram sentados no sofá a assistirem à TV e tiveram tudo o que quisessem, pois, os pais não querem que os filhos passem por aquilo que passaram na infância dão tudo o que lhes faltou na sua infância e mais um pouco, e então eles crescem e queremos que estudem, que trabalhem e que busquem gerar seu próprio património. Até o ensino teve de baixar o nível de complexidade para ajustar-se às crianças que têm dificuldades para aprenderem.

Se assim continuarmos o cérebro dos nossos filhos não está mais a ser desafiado. Mas porque há necessidade de ter dinheiro aliam-se a formas fáceis de enriquecimento, apostas – aliás a indústria conheceu um grande avanço na última década – burlas, que são cada vez mais elaboradas, obscurantismo, entre outras.

Tende a ser preocupação universal que, em países com estas características demográficas como as do nosso, busque desenvolver o sector da educação por ser considerado fundamental para o desenvolvimento do país, diferente do que acontece quando a população é velha ou adulta em que a preocupação principal é garantir um desenvolvimento no sector de apoio a velhice e da saúde. Este apanágio populacional leva a superação da capacidade de absorção laboral e do sistema económico criando dessa forma o desemprego e levando a população a experienciar a pobreza extrema.

Nesta fase foram introduzidas disciplinas e cursos profissionalizantes aos corricula, por um lado, por outro, a geração da viragem resolveu este paradigma com o desenvolvimento do auto-emprego e foi eficaz. Também não havia muita corrupção tanto quanto há hoje em dia, para além de vários financiamentos realmente destinados a jovens. Actualmente, os projectos até são aprovados e os fundos desembolsados, mas porque estes não chegam ao dono do projecto, nenhuma empresa surge, no concreto, mas opera em relatórios.

O nosso país não é muito industrializado e a produção de bebidas alcoólicas parece estar na dianteira. A indústria tem rendido milhões e contribuído generosamente para a receita nacional com as duas maiores cervejeiras do país instaladas em três províncias do país, e ainda existem as que produzem as bebidas secas mormente consumidas por adolescentes e jovens devido ao custo da sua aquisição aliado à disponibilidade.

Sabemos dos efeitos do álcool no funcionamento do nosso cérebro, a fraca capacidade de memorização e de aprendizagem devida a fraca concentração, entre outros efeitos. Será que os nossos governantes já pensaram na atracção de investimentos no ramo agrícola e de alimentos no lugar de permitir a instalação de mais fábricas de bebidas alcoólicas para perverter cada vez mais os nossos jovens e comprometer o desenvolvimento do país?

Dada a estrutura da população moçambicana não devia ser preocupação do país a atracção de investimentos ligados a agricultura, e pecuária com o intuito de ver acabada a fome e desnutrição crónica no país? Não devias ser prioridade a produção de leite para nutrir as nossas crianças e mais alimentos mais alimentos para garantir o acesso a alimentos e possibilitar a sua variação, resolvendo os problemas da mal-nutrição? Somos ricos, mas poucos se beneficiam dessas riquezas. Ao longo de todo o país exploram-se vários minérios, mas de que forma isso beneficia aos moçambicanos? Falo do moçambicano da classe C e da classe D.

Os mariscos pescados no nosso vasto oceano são vendidos fora do país e nos importamos dos outros países. Quantas moçambicanos comem camarão, lagostas, sardinha e atum, sem ser em latas importadas? Quantos comem ovo, tomam leite? Não falo dos moçambicanos conglomerados nas cidades (embora possam ser notados vários casos nos subúrbios do país), falo da grande parte da população, a que habita as regiões rurais do país.

A geração actual perdeu valores, não há mais tabus e eles já se envolvem sexualmente mais cedo, muitas vezes aliciados pelos mais velhos, os “Sugar Dads” que ensinam as nossas filhas que não precisam fazer mais nada para gerarem renda a não ser servir-lhes e então enchem-nas de presentes, dinheiro, viagens e tudo de bom que o dinheiro proporciona.

Outras, por outro lado, já se satisfazem com algumas garrafas de cerveja, ou então de cidra e dão o seu corpo a homens sedentos de prazer. Vivem ouvindo da Media que se deve viver como se não houvesse o amanhã “carpen dien”, e assim temos uma geração imediatista, nada comprometida com o futuro. Vejamos a taxa de natalidade nas zonas ruais do nosso país, perceberemos que grande parte das parturientes estão no intervalo de 16 a 25 anos de idade.

Uma reflexão em volta das causas e possíveis soluções para a resolução dos problemas enfrentados pela juventude actual configura-se necessário para a garantia de um futuro promissor do nosso país.

Texto:  Vitorino Mutimucuio

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