Homenagem ao Azagaia: Polícia acusada de deter e torturar manifestantes, mas corporação nega

Homenagem ao Azagaia: Polícia acusada de deter e torturar manifestantes, mas corporação nega

A Polícia da República de Moçambique (PRM) continua a negar ter usado força no contra os participantes nas marchas pacíficas de homenagem ao falecido rapper Azagaia no sábado em várias cidades.

Em Nampula, a acusação parte de um activista detido, que diz ter sido torturado e encontrado com sinais de espancamento depois de ter estado desaparecido por mais de 24 horas.

Zacarias Nacute, porta-voz da polícia em Nampula, confirmou, que o promotor da marcha Gamito dos Santos, junto dos outros manifestantes, foram encaminhamos à esquadra de polícia por alegada tentativa de ameaça à ordem e tranquilidade pública, uma vez que a manifestação tinha sido proibida, por haver informações de que teria contornos de violência.

Apesar de negar que houve tortura, Zacarias Nacute disse que foi necessário o uso de alguma força porque o cidadão mostrou-se resistente.

Em conferência de imprensa, Nacute explicou que os manifestantes foram levados à esquadra porque estavam a “perturbar a ordem e para salvaguardar o interesse da maioria que é de garantir a ordem e tranquilidade publicas”.

A VOA contactou Gamito dos Santos que prometeu pronunciar-se nesta terça-feira, 21, mas informações publicadas na conta da rede social dele diz que foi sequestrado pela polícia” quando se encontrava num restaurante, encaminhado ao comando e com os olhos vendados levado para um local desconhecido, onde foi despido e torturado pelas forças especiais da polícia.

Na mesma publicação, Gamito dos Santos, conta que depois de torturado foi devolvido ao comando.

Na segunda-feira, o activista deslocou-se à esquadra com representantes da ordem dos advogados a fim de recuperar os seus pertences e fazer uma denúncia com vista à responsabilização dos autores que o torturaram.

A activista social Quiteria Guirengane disse que com a violência policial contra os manifestantes no sábado, o Governo “rasgou a constituição da Repúblic”a e deixou claro que Moçambique não é um país democrático de Estado de Direito.

Para Guirengane “o que passou com o nosso companheiro Gamito só pode ser comparado ao protagonizado pelos terroristas. Ficamos preocupados quando as pessoas vêem para a possibilidade de o Estado ser raptor, criminoso e que comete a maioria das atrocidade”.

Vicente Manjate, membro do conselho nacional da Ordem dos Advogados, que confirmou que o manifestante sofreu torturas, disse que o que está em causa é um crime cometido contra um cidadão indefeso e detido fora do local previsto para a manifestação.

E refere que ao fazer isso, a polícia viola os direitos humanos dos cidadãos, situação que foi assistida na maioria das cidades onde jovens saíram para homenagear Azagaia.

“O caso do Gamito foi um dos mais graves e preocupou-nos porque durante muito tempo ficamos sem saber onde ele estava e dava indícios de ter havido um sequestro”, acrescenta Manjate, quem confirma que a Ordem dos Advogados está a fazer o acompanhamento devido às vítimas de violência policial.

A repressão às manifestações acontece numa altura em que o país aguarda a visita do presidente do Conselho Global para Tolerância e Paz.

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