HCB: O orgulho nacional

HCB: O orgulho nacional

“Moçambicanos e moçambicanas, Cahora Bassa já é nossa!” Foi com estas palavras, proferidas pelo então Presidente da República, Armando Guebuza, em 2006, na cidade de Maputo, que passava para o controlo moçambicano, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), um dos maiores empreendimentos hidroeléctricos da África. Já lá vamos.

E quase 20 anos depois deste momento histórico de reversão, muita coisa mudou. A HCB, que completa meio século da sua criação no dia 23 do mês Junho, passou por vários episódios de mudança com um impacto enorme na vida dos moçambicanos, e ao nível do desenvolvimento do país.

Muitos objectivos foram concretizados, muitas barreiras foram transpostas e muitos sonhos realizados. Pode se falar, seguramente, do antes e do depois, após esta histórica reversão. Seguimos em parte.

Sob gestão do Estado moçambicano, que passou a deter 85% do capital social, ao nível interno, a HCB tem sido uma verdadeira âncora para os cofres do Estado, destacando-se como uma das maiores empresas moçambicanas em termos de volume de negócio, e dimensão dos activos. E os números vão dando prova disso.

“Só de 2007 até o fecho de 2025 a HCB terá contribuído com cerca de 1.9 biliões de dólares para os cofres do Estado, somando dividendos, impostos, taxas de concessão”, disse Tomás Matola, presidente de conselho de administração da HCB, em Maputo, durante um evento que marcava o lançamento das comemorações dos 50 anos da empresa.

Matola destacou ainda que neste período, a maior contribuição registou-se nos últimos três anos, atingindo números de 850 milhões de dólares, cerca de 45% da contribuição para os cofres do Estado.

Além disso, “olhando para a evolução”, os números apontam para uma HCB mais robusta e que “tenderá a contribuir cada vez mais para o erário público, prevendo para este ano entregar cerca de 300 milhões de dólares para os cofres do Estado”.

Aliás, por conta disto foi galardoado este ano pela Autoridade Tributária como o maior contribuinte fiscal em 2024, reforçando o seu papel estratégico no desenvolvimento da economia nacional.

 Inclusão dos moçambicanos

Nota-se o impacto que a Hidrelétrica de Cahora Bassa trouxe na vida dos moçambicanos, ao longo destas quase duas décadas da reversão. Da economia à educação, da saúde ao desporto, das artes às infraestruturas, são profundas as mudanças que ocorreram nos últimos 20 anos.

A hidroelétrica tornou-se hoje mais inclusiva, mais “patriótica”, e sobretudo, mais moçambicana. Prova disto é que em 2019 o Estado moçambicano decidiu abrir o capital, ou seja, cedendo 7,5% das acções para o público e através de uma oferta pública de venda foram colocadas ao publico 4% de acções, faltando agora por terminar os 3,5%.

“De 2007 até o fecho de 2025 a HCB terá contribuído com cerca de 1.9 biliões de dólares para os cofres do Estado

Independentemente da filiação política, raça ou etnia, “deste esta altura muitos moçambicanos tiveram a oportunidade de fazer parte da estrutura accionista da hidroelétrica e de lá para cá têm usufruído dos benefícios deste investimento”, disse Tomás Matola.

A HCB vem demostrando o seu contributo também na vida das populações através do processo de electrificação dos postos administrativos que tem ocorrido um pouco por todo o país.

A hidroelétrica tem se destacado como um dos maiores financiadores do processo de eletrificação, rumo ao acesso a energia para todos até 2030, contribuindo para o desenvolvimento económico e social das comunidades.

Relevância africana

Instalada há 50 anos numa estreita garganta do rio Zambeze, a albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior do continente africano, com cerca de 270 quilómetros de comprimento, 30 quilómetros de largura e uma área total de 2700 quilómetros quadrados.

Actualmente opera com uma capacidade de produção de 2075 megawatts, mas com a crescente demanda nacional e regional, o grande desafio tem sido o aumento de investimentos em projectos de expansão, olhando também na diversificação de fontes de energia, como a eólica e também a térmica através do gás natural, recurso produzido localmente.

Por agora, alguns dos projectos em andamento para satisfazer esta grande demanda energética, são a central norte de Cahora Bassa que vai gerar cerca de 1245 megawatts e também o projecto de geração de 400 megawatts de energia fotovoltaica, em parceria com a Corporação Financeira Internacional (IFC).

Moçambicanos tiveram a oportunidade de fazer parte da estrutura accionista da hidroelétrica

Mas a médio longo prazo a meta é bastante ambiciosa. “No nosso plano estratégico 2025/2034 é de atingir até 2034 uma produção de 4000 megawatts (quase o dobro da produção actual) para tornar a HCB efectivamente uma das maiores produtoras de energia em África e fazer de Moçambique um hub de produção energética”, afirmou o PCA da HCB.

E não só, o relatório da Africa Energy Outlook 2024 indica que Moçambique poderá tornar-se responsável por 20% da produção energética africana até 2040, com uma capacidade projectada de até 187 GW, o que confirma a inquestionável relevância da HCB no panorama energético mundial.

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