Fitch Solutions: Moçambique vai impulsionar a produção e exportação de gás natural

Moçambique vai ser um dos principais exportadores de gás natural da África Subsaariana, impulsionando a sua produção na região de 80,5 mil milhões de metros cubicos para 135,2 este ano, segundo um relatório da consultora Fitch Solutions.

Citada pelo Notícias ao Minuto, a consultora avançou que o sector do gás, nomeadamente “a expansão da capacidade de exportação de gás natural liquefeito”, vai receber a maior parte do investimento estrangeiro nos próximos anos.

O relatório da consultora destaca Moçambique, Nigéria, Mauritânia e Senegal, como os grandes impulsionadores da subida de produção e exportação de gás natural.

A menção de Moçambique deve-se às expectativas com a entrada em funcionamento do projecto FLNG Coral, da Eni, – o primeiro de três – no segundo semestre deste ano.

Os analista alertam que a situação de insegurança no norte do país continua a colocar um grande risco para o regresso das operações da TotalEnergies e para a Decisão Final de Investimento da ExxonMobil.

A região da África subsaariana está “bem posicionada para beneficiar do aumento da procura do seu gás”, sublinham, lembrando as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia e a vontade dos europeus de diversificarem as fontes de compra de gás, procurando afastar-se do gás russo.

Neste contexto, a Nigéria será fundamental, uma vez que vai representar quase metade da procura interna de gás na região, que precisa de mais infraestruturas para potenciar a procura por parte dos seus habitantes locais, algo que os decisores políticos já perceberam e estão a tentar resolver, nota a Fitch Solutions.

“A expansão da infraestrutura de gás natural é crucial para potenciar a procura na região; alguns mercados na região estão lentamente a fazer progressos neste sentido”, dizem, apontando o exemplo de Moçambique, que planeia construir a partir do princípio deste ano um “terminal de importação de gás no sul [Matola LNG] que daria ao país uma fonte fiável de fornecimento de gás para assegurar a crescente procura”.

Na nota, os analistas concluem que “apesar de haver custos iniciais substanciais na fase de construção, expandir a infraestrutura de importação de gás natural liquefeito é essencial para desbloquear a procura de gás natural na região” e fomentar a exportação.

Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

Dois desses projectos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.

Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.

O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).

Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.

A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 mtpa (milhões de toneladas por ano) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa.

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