Fetos expostos a covid-19 podem nascer com limitações cognitivas

Fetos expostos a covid-19 podem nascer com limitações cognitivas

Uma investigação do Center for Quantitative Health do Massachusetts General Hospital, em Boston, nos EUA, concluiu que os bebés expostos a covid-19 no útero têm maior risco de sofrer de problemas de desenvolvimento neurológico, especialmente se a infecção ocorrer no último trimestre de gravidez, e isso pode se prolongar até ao fim do primeiro ano de vida.

De acordo com os cientistas, os danos no sistema nervoso são duas vezes mais comuns no primeiro ano de vida após a exposição ao vírus durante a gestação.

A investigação, publicada na revista científica JAMA, examinou os registos médicos electrónicos de mais de 7.500 pacientes em seis hospitais, revelando que, entre as crianças expostas a covid-19 no útero, a probabilidade de ser registado algum atraso no desenvolvimento – tanto a nível da fala, como a nível motor – era 80 a 90% mais elevada do que para uma criança que nasça sem ter tido contacto com o vírus.

Os investigadores advertem, no entanto, que os atrasos identificados podem atenuar-se à medida que a criança cresce, ou podem ser solucionados através de intervenções precoces.

Contudo, o estudo manifesta preocupação com a taxa elevada de risco em crianças expostas ao vírus. “Isto é algo a que temos de prestar atenção”, afirmou Roy Perlis, coautor do estudo, salientando que as conclusões surpreenderam a equipa.

“O meu pensamento era: precisamos de trabalhar muito para ver se existe alguma forma de fazer com que estes dados desapareçam”, disse Roy Perlis, sublinhando que foram tomadas todas as medidas para se certificarem “que não tinham um falso efeito positivo”.

No entanto, a associação entre a covid na gravidez e os danos neurológicos permaneceu mesmo depois de os investigadores terem contabilizado uma série de outros factores, incluindo a idade materna, etnia e o tipo de seguro (que é visto como um substituto para o rendimento).

A equipa também descobriu que o risco estava acima relativamente a nascimentos prematuros, o que também pode aumentar a probabilidade de atrasos.

Muitos dos atrasos no desenvolvimento que foram observados no estudo não foram específicos. Por exemplo, garante a investigação, um pediatra poderia notar que uma criança “não está a atingir a idade que se esperaria que atingisse, ou que não balbuciasse na idade em que se esperaria que balbuciasse”. E, sublinha Roy Perlis, os atrasos podem não ter consequências a longo prazo.

“Em muitos casos, estes são diagnósticos que se resolvem com a idade. Portanto, pode muito bem ser que, quando voltamos atrás e olhamos para estas crianças depois de 18 meses ou dois anos, elas já tenham recuperado”, salvaguarda. “Mas queríamos estabelecer um método para estudar este grupo, para que, se houver problemas mais tarde, possamos detectá-los o mais cedo possível”.

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