Fazer da arte um negócio lucrativo

Fazer da arte um negócio lucrativo

Nália Agostinho é uma jovem moçambicana que está a despontar de forma célere no mundo das artes plásticas. Está patente na cidade de Maputo, a mais recente exposição individual da artista que também marca a abertura da sua nova galeria.

É uma das artistas mais emergente no mundo das artes plásticas. Mas o seu contacto com o papel e pincel começou ainda em tenra idade. “Sim, comecei a pintar, a desenhar desde pequena. Era o modo que tinha de interação com o meu pai… ele era uma pessoa muito ocupada, e quando tivesse algum tempo para passar comigo dava-me rascunho de trabalhos dele e eu ia desenhando”, revela a jovem artista de 31 anos em entrevista à MZNews.

E foi desta forma que nascia o gosto pelas artes plásticas. Já lá vamos. Anos depois e concluído todo o ensino secundário geral, Nália ganhou uma bolsa para Itália, onde foi estudar Ciências Políticas. Durante os oito anos em que viveu na Itália, dividia o ensino e o trabalho, mas foi também nesse período que teve oportunidade de fazer amizades e interagir com pessoas ligadas às artes.

“A Itália é um museu aberto e repleto de artistas onde as belas-artes têm um peso muito grande, e é levado muito seriamente”, diz, com um olhar sereno. “Conheço pessoas que vivem de arte e são muito bem-sucedidas”, conta. E foi neste momento que ressurgia “a velha paixão” das artes plásticas na jovem empreendedora.

O retorno às artes

Oito anos depois Nália Agostinho regressa a Moçambique para dedicar-se à vida artística. Claro, o início não foi nada fácil. Antes, tentou trabalhar em outras áreas, mas é a arte onde a sua alma fervilha.

“Na verdade, tentei abraçar outras áreas de actividades, mas nunca me senti tão conectada como me acontece com as artes. Foi por isso que decidi deixar tudo para apenas dedicar-me às artes, isso a partir de 2018, confidencia a jovem na nossa reportagem.

Hoje é uma artista plástica com os créditos firmados. “Sabe, tudo o que acontece aqui em Moçambique inspira-me muito, provavelmente é isso que terá fortemente contribuído para o meu reaparecimento no mundo artístico”, confessa.

Nália Agostinho desde o seu regresso a Moçambique já participou em várias exposições tanto a nível individual como em colectivas. Ao nível internacional, teve a oportunidade também de exibir as suas obras na vizinha África do Sul. Actualmente está patente a sua última exposição, na cidade de Maputo, na sua nova galeria, Liah Art3 Studio Gallery.

Através desta sua nova galeria, Nália pretende dar a oportunidade aos demais jovens artistas para que exponham as suas diversas obras. “Na verdade, quero dar o meu contributo para o desenvolvimento e visibilidade da arte em Moçambique. Esta galeria irá operar como um centro cultural criativo e como provedor de serviços”, refere a artista plástica.

A exposição que estará aberta até o dia 10 do próximo mês, conta com 9 obras. As mesmas versam sobre a realidade moçambicana e espanhola. “Foi um grande desafio”.

“Tive que ir ler muito sobre o romance do Dom Quixote e foi muito bom. A parte boa das indústrias criativas é esse, vamos aprendendo coisas que não fazíamos ideia”.

Do resto a exposição reflete um pouco sobre “os ideais das mulheres, situações em que nos encontramos, familiares, pessoais, objectivos que queremos alcançar… tudo isto”, refere a artista.

Os preços das obras variam de 150 mil meticais a 200 mil meticais. Embora reconheça que haja muitos revolucionários, a artista plástica quer constar na lista desse grupo que muito faz pelas artes em Moçambique.

Recentemente foi empossada como presidente do pelouro da cultura pela AMEPRH, onde pretende dar continuidade a vários outros projectos ligados ao desenvolvimento das artes, para que estes possam ter um maior impacto na economia do país.

Partilhar este artigo