Thousands in the streets against crime and unemployment in South Africa. And demand Ramaphosa's resignation

Milhares nas ruas contra criminalidade e desemprego na África do Sul. E exigem renúncia de Ramaphosa

Milhares de pessoas manifestaram-se esta segunda-feira em várias cidades sul-africanas para exigir a renúncia do Presidente do país, Cyril Ramaphosa, no âmbito de uma “paralisação total” convocada pelo partido Combatentes da Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês).

Em Pretória, a capital do país, o líder do partido de oposição, de esquerda radical, Julius Malema, liderou uma marcha de pelo menos 3.000 pessoas, acompanhado por Duduzile Zuma, a filha do ex-presidente Jacob Zuma, e o antigo porta-voz de Nelson Mandela, Carl Niehaus, que foi expulso do Congresso Nacional Africano (ANC), instando o país a se “preparar” para a saída do poder do actual chefe de Estado.

“É o começo, muito mais ainda está por vir. Estejam prontos, África do Sul. Ramaphosa cairá”, declarou Malema através de um altifalante ao agradecer à enorme multidão de simpatizantes do EFF que o acompanhou na marcha de protesto pelas ruas da capital sul-africana até à residência oficial do Presidente da República sul-africano.

“Viemos dizer a Ramaphosa que dever sair do cargo. Ele já não é o nosso Presidente”, referiu Malema, citado pela Lusa.

Malema e os seus apoiantes reiteraram os apelos do partido de oposição para que o executivo de Ramaphosa abandone as suas políticas de privatização de empresas estatais, que se encontram endividadas e tecnicamente falidas após três décadas de governação do ANC.

Segundo Malema, o partido no poder “colapsou várias empresas públicas e pretende agora privatizá-las”.

Vuyolwethu Zungula, líder do partido Movimento de Transformação Africana (ATM), que também acompanhou Malema no protesto, declarou que o chefe de Estado sul-africano deve renunciar ao cargo porque “falhou em liderar a África do Sul para a prosperidade”.

“Só o povo deste país é que consegue resolver a actual situação, e àqueles que ficaram em casa, querendo normalizar esta anomalia, quero dizer-lhes que não podem ficar sentados em casa e normalizar o nosso sofrimento, não podem ficar em casa e pensar que os cortes de electricidade é uma situação normal”, adiantou.

Por seu lado, o líder do Movimento Democrático unido (UDM), Bantu Holomisa, disse que o seu partido participou na acção para protestar contra “os cortes de electricidade e a corrupção no ANC”.

Os partidos políticos Congresso Pan-Africanista da Azania (PAC), o movimento Aliança da Transformação Económica Radical Africana (ARETA), do ex-membro expulso do ANC Carl Niehaus, e a Federação dos Sindicatos da África do Sul (SAFTU), são algumas das organizações que se juntaram também aos protestos da esquerda radical sul-africana.

A paralisação geral na África do Sul foi convocada pelo partido de extrema-esquerda EFF, liderado por Julius Malema, contra a crise de electricidade, criminalidade e elevado índice de desemprego.

Em Joanesburgo, centenas de simpatizantes de Malema vincaram que o protesto nas ruas da capital económica continuará “até à meia-noite” de hoje.

Autocarros incendiados, estradas barricadas, apedrejamentos, pneus queimados foram alguns dos incidentes registados em várias províncias do país.

A residência de um líder comunitário no bairro sul-africano do Soweto, sul de Joanesburgo, foi atacada com explosivos comerciais na manhã de hoje, disse a polícia sul-africana.

A moeda nacional, o rand, desvalorizou para 18.49 face ao dólar americano, próximo do nível mais baixo de sempre de 19 rands por cada dólar registado há três anos no início da pandemia de covid-19.

A paralisação convocada pelo EFF ocorre após a nomeação de um ministro da Electricidade, Kgosientsho Ramokgopa, para colmatar a crise geral de energia sem precedentes na economia mais desenvolvida do continente, que tem privado os sul-africanos de pelo menos 12 horas sem electricidade por dia.

Pelo menos 87 pessoas, incluindo membros do EFF, foram detidas hoje de manhã na África do Sul por violência pública durante os protestos, anunciou a polícia sul-africana.

Pelo menos 3.400 militares do exército sul-africano (SANDF) foram destacados desde domingo para apoiar a polícia no controlo dos protestos convocados por Julius Malema, que foi líder da Juventude do ANC governante entre 2008 e 2012.

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