Empresas extractivas aceleram degradação de estradas e proíbem comunidades de utilizar suas estradas – CIP

Empresas extractivas aceleram degradação de estradas e proíbem comunidades de utilizar suas estradas – CIP

O Centro de Integridade Púbica (CIP) revela que as estradas utilizadas pelas empresas da indústria extractiva em Moçambique estão em completa degradação e critica o fraco investimento do Governo em infraestruturas.

“Nas visitas efectuadas a África Great Wall Maning Company, HAMC-Highland African Mining Company, Lda, Kenmare, Jidal Steel e Montepuez Ruby Mining, constatou-se que as estradas de acesso a estas empresas, que também servem de meio para a operacionalização das suas actividades, encontram-se completamente danificadas”, lê-se num artigo do CIP.

A ONG aponta como causas da degradação a intensidade das actividades dessas empresas realizadas “com camiões de alta tonelagem” – que dificulta, através dessas estradas, o acesso aos campos de equipas do Estado para fiscalização e cobrança de impostos –, e a falta da intervenção do Governo para garantir o bom estado das estradas.

Diz o CIP que tais estradas existem antes das empresas extractivas sendo, por isso, de uso comum para as comunidades que delas necessitam para o seu desenvolvimento socio económico. No entanto, “algumas das grandes empresas do sector constroem infra-estruturas que facilitam a sua [própria] logística. Mas, o usufruto das mesmas está restrito a elas, não criando ligações entre a empresa e a economia local, que pode contribuir para um desenvolvimento integrado nas comunidades que acolhem esses projectos”.

Entre as empresas que proíbem as comunidades de servirem-se das estradas destacam-se a Kenmare, em Nampula, e a África Great Wall Maning Company, na Zambézia.

O CIP critica o fraco investimento do Governo em vias de acesso, o que, se fosse feiro, poderia dinamizar o desenvolvimento económico nacional. Moçambique investiu nos últimos catorze anos cerca de 348 biliões de meticais em infra-estruturas diversas. Este valor representa uma média de investimento anual de 24 biliões de meticais que correspondem a uma média de 5% do PIB anual, escreve o CIP.

“Olhando para os gastos de Moçambique, no período compreendido entre 2010-2023, pode-se verificar que, em termos gerais, o país tem investido valores muito abaixo dos padrões indicados pelo estudo do Banco Mundial. No período indicado, o país investiu, em média, 5% do PIB em infra-estruturas, isto é, menos 25% do recomendado”, lê-se.

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