“Devemos abandonar os investimentos do Banco Mundial e… ‘o gás é todo nosso’”

“Devemos abandonar os investimentos do Banco Mundial e… ‘o gás é todo nosso’”

A ideia de olhar para o conteúdo local centralizou o discurso “não preparado” do empresário moçambicano Salimo Abdula, durante o lançamento da iniciativa “Morenergy”, na terça-feira (14), na cidade de Maputo.

Falando na qualidade de Presidente de Conselho de Administração do Grupo Intelec Holdings, entre várias lembranças e sugestões para o progresso de Moçambique, Abdula disse que o país precisa, urgentemente, de deixar a dependência do apoio da comunidade internacional.

“É preciso não fazer só o que dizem as agendas internacionais,” pois devemos olhar cá para dentro e “abandonar os investimentos do Banco Mundial”, disse Salimo Abdula.

No seu entender, muitas vezes tais investimentos traçam os caminhos que se devem seguir, sendo estes muitas vezes inviáveis para o país.

“Devemos construir a nossa agenda”, apelou.

Neste sentido, fazendo uma referência indirecta à agenda climática internacional para extinguir a exploração de recursos fósseis de produção de energia, Salimo Abdula mostrou-se indignado por isso, prevendo que os países, como Moçambique, onde tais recursos abundam, podem ver a sua expectativa de desenvolvimento encravada caso sigam os planos dos outros.

“Os países que mais sofrem com os efeitos das mudanças climáticas não se beneficiaram em nada com a exploração de recursos fósseis ao logo dos tempos. [Assim sendo], temos o direito de utilizar o que temos para poluirmos um pouco”, rematou Abdula.

Naquela ocasião, a Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE) lançou a iniciativa “Mozambique Renewable Energy (Morenergy) – Conferência & Expo”.

O evento, que se espera ser de carácter anual, tem por objectivo atrair investimentos para o sector energético em Moçambique, principalmente, para a campo das energias renováveis. E, neste sentido, a exposição da matriz energética do país vai decorrer entre os dias 22 e 24 de Março de 2022, na cidade de Maputo, sob o lema “Mais Energia Limpa para o Desenvolvimento Sustentável”.

“Consideramos que este é um sector dinâmico, competitivo, inovador e sustentável [pelo que] pretendemos torná-lo competitivo para o país”, disse Edelson Remane, Presidente do Pelouro dos Recursos Minerais e energia da ANJE.

Por seu turno, o recém-eleito presidente da ANJE, Lineu Candeeiro, disse que o lançamento representa o primeiro ponta pé de saída para a concretização de uma já existente visão energética futurista.

“É nas energias renováveis onde reside o próximo factor impulsionador do desenvolvimento” e a Morenergy, “inspira-se nos desafios do presente para o futuro [não só de Moçambique], mas também para o mundo”, disse.

O lançamento da Morenergy contou com a presença do PCA do Fundo de Energia (FUNAE), do Director da Divisão de Estudos e Planificação do FUNAE, da Directora de Energias Renováveis da Electricidade de Moçambique, do Director-geral da Africa Energy Service, do Administrador da Africa Energy, entre outros convidados.

Partilhar este artigo