BLACK & WHITE dois espaços distintos, unidos pelo mesmo ideal

BLACK & WHITE dois espaços distintos, unidos pelo mesmo ideal

BLACK & WHITE dois espaços criativos que surgem da necessidade de promover o produto nacional e reduzir a dependência externa. “A loja BLACK é um espaço onde iremos vender produtos produzidos dentro das várias iniciativas da Plataforma Makobo, incluindo o que estamos a fazer em Cabo Delgado”, refere Ruy Santos, criador do conceito BLACK & WHITE, em entrevista ao MZNews.

No fundo a loja BLACK, visa promover produtos 100% moçambicanos com impacto social. “Sim, estamos a falar de produtos, de projectos sociais, comunitários, que agreguem valor e contribuam para a promoção de causas sociais, culturais e ambientais, para a valorização e preservação do nosso conhecimento tradicional”, refere o empreendedor e activista social.

Já a loja WHITE é um espaço completamente branco, neutro e surge para dar espaço aos empreendedores, criadores, inventores moçambicanos que “não tendo espaço além das redes sociais, queiram divulgar, expor, propor e promover as suas ideias, projectos e produtos fisicamente e de forma rotativa”, explica Ruy. “Durante uma semana, o espaço, vai estar à disposição para que estes divulguem os seus produtos e vendam”, acrescenta.

E porque nem toda a gente consegue pagar para promoção mais abrangente dos seus produtos na internet, Ruy esclarece que “o que queremos fazer é usar essa criatividade que as pessoas durante a pandemia adquiriram e transformar este espaço numa POP-UP STORE em que as pessoas podem vir mostrar os produtos físicos”, explica.

Então, prossegue o activista social, “BLACK & WHITE é isto, é uma conjugação de dois conceitos, um é promover produtos que tenham impacto na nossa comunidade através das nossas iniciativas, e arrendar durante uma semana um espaço para os criativos ou empreendedores poderem expor as suas ideias e produtos”.

O preço do arrendamento varia consoante o tipo e o custo do produto que o empreendedor pretende expor. “Dependendo do produto, podemos negociar uma percentagem de venda de cada uma das peças porque os produtos são variados. A nossa ideia é que se defina uma margem que seja equilibrada para o empreendedor, mas também que crie sustentabilidade para o espaço”, refere o criador do BLACK & WHITE.

Projecto do âmbito nacional

Tanto o espaço BLACK, como o WHITE, localizados na AV. Vladimir Lenine, Jardim Dona Berta, em Maputo, pretende-se que tenham uma abrangência nacional. “Sim, a nossa visão é transformar-nos na maior rede de comercialização de produtos comunitários no país”. E isso, “significa que tudo o que seja produto promovido nas comunidades, que tenha impacto nas comunidades, que promova a identidade cultural, emprego para os jovens, formação profissional, nós vamos querer representar oficialmente estes produtos”, salienta.

E para isso, os passos já estão a ser dados. Na Província de Cabo Delgado, “já estamos a trabalhar num dos maiores centros de deslocados na zona de Pemba, Metuge, e criámos a primeira marca de produtos de artigos de artesanato produzidos por deslocados no acampamento, Wiwanana (que significa entendemo-nos sem confusão)”. Na cidade de Maputo, a loja BLACK já dispõe também de artigos feitos com o papel de fibra de bananeira, através de uma parceria que existe com a empresa bananalândia.

O processo da produção consiste na recolha das folhas, processamento e “fazemos o papel”, detalha. “Sabe”, diz enquanto aponta, “com este papel, as pessoas podem fazer folhas de embrulho, convites de casamentos, podem imprimir fotografias”, explica.

“Temos sacos feitos através destas folhas, misturas de produtos de papel com capulana e vamos lançar os produtos de Cabo Delgado. Estamos só a finalizar agora os produtos que vieram de Cabo Delgado que são, essencialmente tapete e bolsas. Vamos fazer uma exposição aqui na loja com os produtos de Cabo Delgado”, revela à nossa reportagem.

Mais do que promover produtos “queremos criar uma chamada de atenção para o nível de subdesenvolvimento em que muitas pessoas vivem. A necessidade de nós apostarmos na maior inclusão económica para esta franja da sociedade”, refere o empreendedor social.

Através da Makobo, uma plataforma de gestão e acção de responsabilidade social corporativo, “tornámo-nos na primeira instituição que criou uma marca de artigos já registada no acampamento”. E não só. “Estamos no processo de aquisição de equipamentos para transformação de plásticos em utensílios, como bacias e mesas” e tudo isso, “é um projecto nosso, mas contamos com vários parceiros que nos têm apoiado nessas nossas iniciativas”, concluo.

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