“Aumento das reservas obrigatórias aos bancos comerciais pode ter consequências imprevisíveis”

“Aumento das reservas obrigatórias aos bancos comerciais pode ter consequências imprevisíveis”

Empresários alertam que o aumento das reservas obrigatórias exigidas aos bancos comerciais moçambicanos pode ter consequências imprevisíveis no sistema financeiro do país.

Em causa está o aumento das reservas que os bancos têm de manter junto do banco central (dinheiro estacionado, sem remuneração): o regulador decidiu esta semana subir os coeficientes para 39% dos passivos (caso dos depósitos) em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira.

Trata-se da segunda subida do ano, sendo que no início de 2023 eram de 10,5% e 11,5% respectivamente.

Para o efeito, o banco central justificou a medida argumentando que a mesma visa absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária. No entanto, os empresários acham que a decisão vai fazer aumentar os juros, tornar ainda mais caro contrair financiamento, essencial numa economia de pequenas e médias empresas, que vão ter mais dificuldades.

Num encontro entre o Banco de Moçambique (BM) e a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), os empresários referiram que a medida pode “abanar o sistema financeiro, principalmente nos bancos mais pequenos, com consequências que hoje não conseguimos medir.

Para o presidente da Câmara de Comércio Portugal-Moçambique, João Figueiredo que é também presidente não executivo do Moza Banco os novos coeficientes “verdadeiramente insustentáveis”.

Por sua vez, o vice-presidente do pelouro de Política e Serviços Financeiros da CTA, Oldemiro Belchior, entende que a decisão vai colocar desafios para os bancos.

“Vemos dificuldades de alguns bancos de pequena e média dimensão em cumprir com estes requisitos”, ainda para mais numa altura em que “não estão a conseguir converter de forma rápida os depósitos que captam em crédito, porque as taxas de juro de mercado estão relativamente altas e a procura é cada vez mais deprimida”, disse Oldemiro Belchior acrescentando que “é tempo de Moçambique pensar em fontes alternativas de financiar a economia”.

Como exemplo, João Figueiredo sugeriu que sejam criadas linhas para sectores estratégicos e que esses financiamentos sejam abatidos nas reservas obrigatórias – ideia anotada pelo BM, referiu a

Entretanto, a administradora do banco central, Silvina Abreu, presente no encontro, sugeriu que a banca use formas mais “criativas” de viabilizar o financiamento à economia.

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