Quase 80 mil pessoas em Moçambique foram obrigadas a abandonar as suas casas devido à violência em 2021, forte redução face aos 530 mil do ano anterior, revela um relatório da agência da ONU para os refugiados.
Segundo o relatório “Tendências globais: Deslocamentos Forçados”, divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o número de pessoas forçadas a deixar suas casas devido a guerras, violência e violações dos direitos humanos tem crescido todos os anos na última década e, no final de 2021, atingiu o recorde de 89,3 milhões, mais 8% do que em 2020 e mais do dobro de há 10 anos.
Destes, 53,2 milhões estão deslocados nos seus próprios países, 27,1 milhões são refugiados, ou seja, estão deslocados fora do seu país e têm estatuto de refugiado, e 4,6 milhões são requerentes de asilo.
O documento, que também é citado por vários meios de comunicação social, refere que a África subsaariana acolhe mais de um quarto de todas as pessoas deslocadas forçosamente num país diferente do seu e mais de três quartos de todos os novos deslocados internos em 2021.
Moçambique, que, segundo o anterior relatório, registara 530 mil novos deslocados internos em 2020, maioritariamente devido ao conflito em Cabo Delgado, no norte do país, registou no ano passado 76.900 casos de deslocamento interno forçado (15% do número registado no ano anterior).
A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques terroristas desde 2017 sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Segundo a Organização Internacional das Migrações, outra agência das Nações Unidas, há atualmente um total de 784 mil deslocados internos devido ao conflito, que já fez cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Os centros de acolhimento de Metuge, em Cabo Delgado, que recebem os cidadãos deslocados devido ao terrorismo, registam um aumento de entradas, devido aos novos ataques dos terroristas.
Desde Julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga dos insurgentes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.
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