Cidadãos baseados na província de Nampula têm opiniões diferentes sobre as vantagens e desvantagens do uso de métodos contraceptivos, recursos utilizados por homens e mulheres para evitar a gravidez.
O uso de métodos contraceptivos é único recurso eficaz para evitar uma gravidez, sendo, portanto, fundamental no planeamento familiar, conforme a Organização Mundial da Saúde
Sobre o tema, na cidade de Nampula existem diferentes perspectivas. Alguns defendem a adopção conforme sugerem as instituições de saúde e a rápida aplicação dos métodos contraceptivos, mas os outros pensam no sentido oposto.
Algumas raparigas entrevistadas pela nossa reportagem, consideram “O DIU” como um método contraceptivo bastante eficiente, reversível e que pode ser utilizado por um tempo prolongado, apesar de muitos mitos e dúvidas que cercam esse método.
“Eu nunca usei nenhum método, mas aquilo ouço com as pessoas, acho que o DIU é mais acessível e eficiente para nós meninas”. Disse Janete Abacar, uma jovem de 19 anos de idade.
De 21 anos de idade e estudante universitária, Catarina Jamo, concentra a sua atenção no uso de pílulas, porque no seu entender, é o melhor método. Aliás, os anticoncepcionais em alusão são amplamente utilizados por mulheres como forma de não só prevenir a gravidez, mas também controlar os sintomas da Tensão Pré-Menstrual e cólicas.
“Acho que pílulas têm sido a melhor saída para nos prevenirmos, sobretudo aquelas do dia seguinte. Na verdade, as pílulas são métodos de emergência espetaculares que previnem a gravidez”. Salientou a fonte.
Além de prevenir uma gravidez indesejada, evita de igual modo as doenças sexualmente transmissíveis (DST). O preservativo feminino é, igualmente, um contraceptivo muito apreciado pela camada feminina. A forma de aplicar é através da sua introdução no canal vagina minutos antes do acto sexual, para impedir a concepção.
A activista Social, Nolete Milato, defende a necessidade de aprimoramento e divulgação das políticas ligadas ao uso de métodos contraceptivos nas zonas recônditas, numa altura em que o índice da taxa de natalidade continua a somar proporções alarmantes.
A explosão demográfica “big bang” precisa de ser reduzida, e o uso de métodos contraceptivos figura na lista das melhores formas de travar essa tendência.
“O Governo deve assumir a responsabilidade primária de divulgar, de forma rápida, a aplicação de métodos. Nas zonas rurais a situação está caótica e, como resultado, os serviços básicos estão cada vez mais a receber pressão, a população é enorme para poucos recursos”, notou.
No mês passado , a província de Nampula foi surpreendida por um insólito em que uma cidadã deu à luz a gémeos em horas e unidades sanitárias diferentes. O primeiro bebé, de sexo feminino, nasceu num parto não institucionalizado, ou seja, fora da maternidade, na localidade de Namuáli, distrito de Liúpo. O segundo bebé, do sexo masculino, nasceu 48 horas depois do primeiro parto, no Hospital Central de Nampula, depois de os médicos de Liúpo terem verificado a retenção de um feto na parturiente.
O insólito que envolve uma cidadã de 30 anos de idade, pegou em contrapé os profissionais de saúde afectos na maternidade do Hospital Central de Nampula-HCN, que não esconderam a sua admiração.
Num contacto telefónico duas semanas após os partos, a parturiente que responde pelo nome de Maria Manuel, disse que fazia a sua quinta viagem à maternidade. Agora é mãe de sete filhos com a chegada dos dois gémeos. Com este número de filhos, Maria diz que não tem outra saída, senão mesmo apostar no uso de métodos contraceptivos, uma decisão apoiada pela família. A mãe da Maria afirma que esta é demasiada nova para já ter sete filhos.
Factores tradicionais condicionam adesão ao planeamento familiar
A Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Família (AMODEFA) em Nampula, aponta que factores tradicionais, com destaque para tabus, mitos e crenças na vida das mulheres na mais populosa província de Moçambique, continuam a condicionar a maior adesão ao planeamento familiar – hoje disponível até às unidades sanitárias periféricas.
Segundo a coordenadora da AMODEFA em Nampula, Alizete dos Santos, a fraca participação no processo de planeamento familiar ainda contínua difícil e precisa de se trabalhar para vencer as práticas tradicionais que contribuem para a má percepção dos métodos, sobretudo entre mulheres da zona rural tanto urbana.
O planeamento familiar permite determinar o período e intervalo entre os nascimentos, e assegurar a saúde da mãe e do bebé. Para as mulheres, a falta de intervalo entre os nascimentos acarreta riscos para sua saúde como problemas de útero. Um bebé que nasce de uma mãe com problemas no útero corre o risco de absorver substâncias da placenta durante o parto.
A coordenadora disse que a luta para estancar a problemática dos mitos, crenças e tabus pela sua agremiação está virada nas unidades de saúde e através de brigadas móveis nos distritos de Nampula, Mecubúri e Nacala-porto de forma a despertar as mulheres a beneficiar do planeamento familiar.
“Pelo menos 863 mulheres beneficiaram o planeamento familiar ao nível dos três distritos de Nampula, Mecurubi e Nacala-porto e nós trabalhamos com um grupo de jovens que têm estado a difundir mensagens sobre o planeamento familiar a nível das escolas e nas comunidades, ainda temos nas unidades sanitárias as provedoras da AMODEFA que realizam palestras para consciencializar as mães sobre a necessidade deste fenómeno que salvaguarda a vida das mulheres”, disse.
No entanto, para provar a afirmação da AMODEFA, escalamos o bairro Natikir, na cidade de Nampula, tendo constatado que muitas mulheres acima dos 18 anos sabem pouco sobre os métodos de planeamento familiar. A título de exemplo, a dona Olívia Ernesto de 36 anos, mãe de seis filhos, todos menores de idade, fez saber que nunca aderiu o planeamento familiar. Não explicou os motivos.
“Sou mãe de seis filhos e a minha última sorte foi no mês de Maio do ano deste ano. Nunca fiz o planeamento familiar. Ouço com as outras mulheres mais próximas de mim que o planeamento familiar é um risco, embora, este processo depende de cada mulher, porque existem outras que depois têm dificuldades em ter filhos, ou pode conceber gémeos, e o meu medo é maior. Prefiro cumprir em ter filhos como Deus permitir”, disse.
Mas segundo afirmou, o maior número de filhos que têm, Olívia Ernesto tem estado a enfrentar dificuldades na sua vida para garantir o sustento dos mesmos. Contudo, ainda entende que o planeamento familiar não é a solução dos seus problemas que possam garantir a cobertura das suas necessidades e dos seus filhos. (Texto e fotografias de José Alberto e Nelsa Momade, na cidade de Nampula, para o MZNews)
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