UNITA diz que Man Gena “teme envenenamento” em Moçambique

UNITA diz que Man Gena “teme envenenamento” em Moçambique

Grupo de deputados da UNITA esteve em Moçambique para interceder junto das autoridades pela protecção e liberdade de Man Gena. Segundo Olívio Kilumbo, o estado de saúde do angolano “carece de cuidados”.

O cidadão angolano Gerson Emanuel Quintas, conhecido como “Man-Gena”, e que se encontra sob custódia com a família em Moçambique por denunciar o alegado envolvimento de altas autoridades angolanas no narcotráfico, “teme por envenenamento alimentar”, denunciou, esta quarta-feira (05.04), a União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA).

Um grupo de deputados deste que é o maior partido da oposição angolana esteve em Moçambique de 21 a 26 de Março para interceder junto das autoridades e sociedade civil daquele país pela protecção e liberdade de ‘Man-Gena’.

Esta quarta-feira (05.04), em conferência de imprensa, em Luanda, o chefe da delegação parlamentar da UNITA, Olívio Kilumbo, apresentou o relatório da visita tendo referido que o estado de saúde deste angolano “é débil e carece de cuidados”.

“O ‘Man Gena’ teme ser vítima de envenenamento alimentar. A esposa, em estado de gestação, denuncia ser-lhe negada assistência médica há mais de um mês”. A cidadão angolana diz temer também pela sua vida “durante o parto previsto para muito breve”.

Segundo o relatório, citado pela DW, a delegação parlamentar da UNITA foi impedida de contactar directamente o cidadão e a sua família aí retidos, tendo a interacção sido possível apenas por via telefónica.

Gerson Quintas, que nas redes sociais usa o nome ‘Man Gena’, denunciou, há mais de um mês, o suposto envolvimento de altas figuras da polícia nacional e do Serviço de Investigação Criminal (SIC) angolano no tráfico de drogas. Após a denúncia, “Man Gena” refugiou-se em Moçambique, onde pretendia apresentar um pedido de asilo político.

Em reacção no início do mês, o director do Serviço Nacional de Migração (SENAMI) de Moçambique, Fulgêncio Seda, garantiu que o angolano e a sua família não serão extraditados para Luanda.

No entanto, em vídeos partilhados nas redes sociais, a mulher de ‘Man-Gena’ denunciou tentativas de assassinato e pediu ajuda e assistência médica.

Os deputados da UNITA disseram ter sido recebidos pelo embaixador de Angola em Moçambique para saber da situação jurídico-legal e humanitária de Gelson Emanuel Quintas, sua mulher e filhos. E mantiveram também encontro com o Serviço Nacional de Migração (SENAMI) moçambicano, onde solicitaram esclarecimentos sobre a situação dos angolanos naquele país, “mas não houve disposição por parte dos responsáveis máximos”.

O Ministério do Interior de Moçambique e o SENAMI “manifestaram falta de abertura e disponibilidade” para atender a solicitação da delegação do grupo parlamentar da UNITA, lê-se no relatório.

Ambas instituições, observam os deputados, indeferiram a sua solicitação formal para a visita e contacto directo com ‘Man-Genas’ e família.

Os deputados da UNITA recomendam que os ministérios das Relações Exteriores, do Interior e da Saúde da República de Angola, em concertação com os ministérios homólogos de Moçambique, assegurem e garantam condições de asilo, segurança e assistência médica à família de ‘Man-Genas’. Pedem também que a Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana, no quadro dos acordos judiciários entre os dois Estados, investigue e apure as denúncias feitas pelo cidadão e que as organizações dos direitos humanos e a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos se mobilizem para chamar atenção sobre a “gravidade” da situação do cidadão angolano e família.

“Que os Estados africanos, verdadeiramente comprometidos com o combate contra o narcotráfico, retirem lições sobre o alegado envolvimento de agentes públicos com rede de traficantes de drogas”, recomendam ainda.

Os deputados da UNITA mantiveram igualmente encontros com o presidente do grupo parlamentar da RENAMO, com actores da sociedade civil moçambicana e falou para órgãos de comunicação locais e internacionais no sentido de informar e sensibilizar sobre a situação da família em causa.

As autoridades governamentais, em Luanda, ainda não se pronunciaram sobre o caso ‘Man-Genas’.

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