TotalEnergies tenta desfazer “equívocos e aberrações” sobre o relatório independente da situação humanitária em Cabo Delgado

A petrolífera francesa TotalEnergies entende que houve erros na interpretação de algumas recomendações do relatório independente sobre a situação humanitária de Cabo Delgado realizada pelo consultor francês Jean Christopher Rufin. As Organizações não Governamentais (ONG’s) na província alegam que o consultor desconhece a situação do país, particularmente, de Cabo Delgado.

Para o FOCAD – fórum provincial das organizações da sociedade civil sediadas em Cabo Delgado –, o resultado do relatório não espelha a realidade que se vive na província. Ele alega que “a conclusão da consultoria é uma aberração”, por recomendar a TotalEnergies a criar uma fundação não reconhecida pelas organizações da sociedade civil e que somente as forças ruandesas garantam segurança onde estão as operações da multinacional.

“Se a Total quisesse boas recomendações para as suas operações em Palma devia incluir consultores nacionais nesse processo [de consultoria]. Seria bom que a empresa nos dissesse de que lado está. Se calhar, podemos estar equivocados”, disseram representantes do FOCAD num encontro recente com a petrolífera.

O representante da multinacional, Ivo Lourenço, explicou que, apesar da situação actual da província, a ideia não é desvincular a protecção de Afungi das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e entregar-lha às forças ruandesas – como tanto se propalou –, ignorando a soberania do Estado moçambicano.

“Temos de ver o contexto, e penso mesmo que o Governo não aceitaria que as FDS saíssem da península de Afungi, e este assunto foi erradamente mediatizado”, disse citado pelo Notícias.

Na ocasião, ele fez entender que a Pamoja Tunaweza não é uma organização, mas sim uma plataforma da TotalEnergies em Cabo Delgado que se pode transformar na recomendada fundação para apoiar todos os distritos da província.

Adiante, Ivo Lourenço criticou as ONG’s por não reconhecerem o trabalho de uma organização local contratada pela petrolífera para prestar serviços de assistência jurídica à população afectada pelo projecto.

“Vocês dizem que o trabalho desta organização não pode ser levado em consideração porque trabalha com fundos da Total. Se é assim, venham vocês que funcionam com fundos próprios, estamos abertos”, sugeriu.

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