TotalEnergies pede especialista humanitário para avaliar condições para retoma dos projecto de gás em Cabo Delgado

A petrolífera TotalEnergies encarregou um especialista em direitos humanos de avaliar a situação em Cabo Delgado para decidir se há condições para retomar o projecto de exploração de gás que estava a construir na região, foi ontem anunciado.

A decisão foi comunicada pelo director-executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, ao Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, após uma visita à região.

“Durante esta visita, Patrick Pouyanné disse ter confiado a Jean-Christophe Rufin”, médico, escritor e diplomata falante de português, reconhecido “especialista em acção humanitária e direitos humanos”, uma missão independente para avaliar a situação humanitária na província de Cabo Delgado”, lê-se num comunicado.

A missão vai avaliar também “as acções tomadas pelo Mozambique LNG”, o consórcio liderado pela Total, e deverá propor “acções adicionais a serem implementadas, se necessário”.

“O relatório desta missão será entregue no final de Fevereiro e as suas conclusões serão partilhadas com todos os parceiros do Mozambique LNG, que decidirão se estão reunidas as condições para retomar as actividades do projecto”, refere-se na nota citada pela Lusa.

O perímetro industrial em construção em Palma para liquefação de gás natural da bacia do Rovuma é o maior investimento privado em África, suspenso desde Março de 2021, após um ataque armado por insurgentes que aterrorizam a região há cinco anos.

“Desde 2021, a situação na província de Cabo Delgado melhorou significativamente, graças, em particular, ao apoio prestado pelos países africanos que se comprometeram a restabelecer a paz e a segurança”, disse ontem Patrick Pouyanné.

O líder da TotalEnergies referiu que “o reinício das actividades exige o restabelecimento da segurança na região, a retoma dos serviços públicos e o regresso à vida normal das populações da região”.

“A missão confiada a Jean-Christophe Rufin deverá permitir aos parceiros do Mozambique LNG avaliar se a situação actual permite o reinício das actividades no respeito pelos direitos humanos”, concluiu.

Como médico, escritor e diplomata, o especialista escolhido já desempenhou diversas funções.

Em representação do Estado francês, Rufin foi adido cultural e de cooperação no Brasil no final dos anos 1980 e década de 90, país sobre o qual escreveu no romance “Rouge Brésil” (“Vermelho Brasil”), de 2001.

No âmbito da acção humanitária, como médico, esteve em missões desde 1977 à Nicarágua, Eritreia, Sudão e Filipinas, tendo sido vice-presidente da organização Médicos Sem Fronteiras (1991-92) e presidente da Acção Contra a Fome (2003-2006).

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

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