Os pescadores da albufeira de Cahora Bassa, na província de Tete, centro de Moçambique, denunciaram situações recorrentes de assaltos e actividade de pesca ilegal nas margens do rio Zambeze, alegando que a insegurança, aliada à redução do caudal do rio, está a comprometer seriamente a sustentabilidade do sector.

As queixas foram apresentadas ao secretário de Estado do Mar e Pescas, Momade Juízo, durante a sua visita à província, iniciada esta semana em resposta às preocupações anteriormente transmitidas ao Presidente da República, Daniel Chapo, por ocasião de uma visita à região.

Segundo os pescadores citados pelo jornal Notícias, os estabelecimentos de conservação e tratamento do pescado localizam-se em zonas remotas e de difícil acesso, o que tem facilitado a actuação de criminosos. Os trabalhadores relatam casos de agressões, roubo da produção e destruição de equipamentos, afectando directamente a sua capacidade produtiva e de subsistência.

Além da criminalidade, os operadores denunciam a presença de pescadores ilegais que actuam impunemente na albufeira, utilizando artes proibidas e desrespeitando as normas de conservação dos recursos. Esta prática, segundo os pescadores, agrava a pressão sobre os stocks e prejudica os empresários licenciados.

Em resposta, Momade Juízo garantiu que o Governo está atento à situação e prometeu reforçar os mecanismos de fiscalização, bem como a presença das autoridades nas áreas mais críticas da albufeira. Sublinhou, no entanto, que os infractores têm demonstrado capacidade de adaptação, o que exige uma actuação coordenada entre instituições.

O secretário de Estado defendeu uma resposta integrada que envolva o sector público, as comunidades locais e as próprias associações de pescadores, com o objectivo de restabelecer a ordem e proteger a economia local.

A albufeira de Cahora Bassa é uma das principais fontes de rendimento para centenas de famílias em Tete, sendo também um dos maiores reservatórios de água da região. A manutenção da segurança e da legalidade na actividade pesqueira é vista como essencial para o equilíbrio económico e social da província.

(Foto DR)