O Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) mostra-se preocupado com a alega perseguição judicial da Procuradoria Provincial de Sofala a um cidadão ‘altruísta’ que, por iniciativa e recursos próprios, decidiu contruir uma ponte que une os dois bairros da cidade da Beira.
A indignação expressa no comunicado do CDD refere-se ao facto de a Procuradoria nunca assim proceder quando iniciativas similares ocorrem em autarquias onde reina o partido no poder. No caso, a autarquia da Beira é gerida pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Neste sentido, aquela organização entende que a procuradoria está a perseguir o cidadão identificado por Ivan Pontavida, e isso “pode constranger outros cidadãos moçambicanos interessados a apoiar as comunidades [por iniciativa própria] que tanto precisão de assistência que o próprio Estado não consegue prover”.
Diz o CDD que a Procuradoria Provincial de Sofala devia alegrar-se com essa atitude e apela a instituição para focar-se no seu mandato institucional, pois “não lhe falta assuntos por investigar, tais como a corrupção, desvio de fundos públicos, contrabando de madeiras e a onda crescente de raptos que têm ocorrido naquela província”.
“A Procuradoria Provincial da República de Sofala solicitou, através do Oficio nº 115/GPPC/PPRS/069/2022, ao Conselho Autárquico da Beira informação sobre a construção de uma ponte entre os bairros de Macurungo e Estoril, por iniciativa e conta de um cidadão que responde pelo nome de Ivan Pontavida”, lê-se no comunicado do CDD.
O ofício da procuradoria foi emitido a 18 de Julho, dois dias depois da inauguração da ponte, com cerca de cinco metros de comprimento e três de largura.
Informação recolhida pelo MZNews refere que o cidadão em causa é um advogado e terá investido, com apoio da comunidade, cinco milhões de meticais para a construção daquela ponte.
Sem a ponte, os munícipes eram obrigados a percorrer cerca de sete quilómetros para ligar as duas zonas, pois a ponte pedonal, que existe até hoje, não oferece segurança.
Em 2020, moradores dos Bairros solicitaram material para a construção de uma ponte, mas a edilidade disse que estava sem orçamento.
Em Janeiro deste ano, a mesma comunidade mobilizou fundos e foi autorizada pela edilidade para avançar com as obras, em Maio, sob supervisão de técnicos do Município. A ponte foi entregue aos moradores no passado dia 16 deste mês.
Contudo, esta ponte, de acordo com a edilidade, poderá ser destruída dentro de dois anos, quando se iniciarem as obras da segunda fase da reabilitação das valas de drenagem da cidade da Beira, que incluirá a área onde a infra-estrutura está localizada.
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