A organização não-governamental Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) criticou hoje a Frelimo, partido no poder, por ter comprado e distribuído 17 viaturas de luxo para altos quadros do partido, numa altura de carestia de vida.
Na última semana, o Presidente da República e da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Filipe Nyusi, entregou publicamente 17 viaturas Nissan Patrol aos seis membros do secretariado do Comité Central e aos primeiros secretários provinciais do partido.
“A distribuição de viaturas acontece numa altura em que a maioria da população moçambicana enfrenta dificuldades para prover as suas necessidades básicas, como alimentação, habitação, saúde e transporte”, refere um comunicado do CDD citado pela Lusa.
Parte das “luxuosas viaturas” alocadas aos dirigentes executivos da Frelimo irá circular não só em estradas que os autarcas eleitos pelo partido no poder não conseguem colocar em condições, mas também em cidades onde milhares de pessoas são transportadas em condições desumanas, refere ainda a nota.
A crise de transporte urbano, sobretudo nas cidades de Maputo e Matola, é o testemunho mais eloquente da incompetência governativa da Frelimo, analisa o CDD.
“O acto revela o quão a elite governativa da Frelimo eximiu-se das suas próprias responsabilidades e naturalizou o sofrimento de milhões de moçambicanos”, acusa ainda.
Aquela ONG assinala que “a frota” da Frelimo é apresentada numa altura em que milhares de funcionários e agentes do Estado estão frustrados com “a grande burla que está a ser a Tabela Salarial Única”.
“A distribuição de viaturas luxuosas aos membros com cargos executivos na Frelimo, sobretudo a publicitação deste ato, documenta o descaso de quem se propôs a criar condições para que os mais de 30 milhões de moçambicanos encontrassem oportunidades para resolverem os seus problemas”, diz ainda a nota.
A crise económica e financeira que afecta milhões de moçambicanos e a insatisfação generalizada na Função Pública deveria levar a direcção da Frelimo a ser mais ponderada e menos exibicionista, prossegue.
“Exibir viaturas de luxo em meio a miséria que afecta a maioria dos moçambicanos, incluindo os cerca de um milhão de deslocados em Cabo Delgado, constitui uma gritante falta de sentido patriótico”, observa o comunicado.
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