África encontra-se dividida. No continente fala-se de uma transição energética limpa, no entanto, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo afirmou que os países africanos não podem ser obrigados a seguir os ideais irreais do Norte Global, para uma economia exclusivamente movida a energias renováveis.
No meio de uma crise global de petróleo e gás, a África deve assumir o controle do seu próprio destino energético e usar os seus ricos recursos em benefício do seu próprio povo.
Esta é a chamada de atenção do ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo. Os seus comentários surgem no momento em que o mundo luta para encontrar novas fontes de petróleo e gás para atender às suas necessidades de energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Neste contexto, Obasanjo diz que os países africanos não podem ser obrigados a seguir os ideais irrealistas do Norte Global para uma economia exclusivamente movida a energias renováveis. Ele afirma que essa posição é irreal, quando o próprio mundo “desenvolvido” está a aceitar a necessidade de utilizar hidrocarbonetos.
Segundo Olusegun Obasanjo “áfrica é o menor produtor de emissões de gases de efeito estufa e precisa tirar quase meio bilhão de cidadãos da pobreza”.
“A gestão responsável de nossos hidrocarbonetos e o investimento nas nossas economias são necessários para garantir uma transição energética justa e um crescimento sustentável para o nosso povo”, disse.
A União Europeia disse que pretende cortar o petróleo fornecido pela Rússia em 90% até o final de 2022 e, o anúncio, já fez com que os custos globais de energia disparassem.
África é uma das potenciais novas fontes de energia para substituir essa oferta, com uma estimativa de 61 bilhões de BOE (barrel oil equivalent) sendo descobertos na região nos últimos 10 anos.
“As discussões na AOW serão fundamentais para traçar um novo curso de energia para a África. vamos decidir o que é melhor para nós”.
O apelo de Obasanjo para que África afirme a sua soberania energética, surge antes da conferência, Africa Oil Week (AOW), a realizar na África do Sul, onde empresas de energia, investidores e governos se reunirão para negociar acordos que moldarão o futuro do continente.
A Organização dos Produtores Africanos de Petróleo (APPO) também apelou aos países membros e outras instituições globais, para usarem o petróleo como catalisador para a segurança energética, desenvolvimento sustentável e diversificação económica em África através de colaborações e parcerias.
Tanto Obasanjo como a APPO, apelaram a um diálogo acelerado sobre o desenvolvimento sustentável dos hidrocarbonetos e o papel de África como fornecedor das necessidades energéticas mundiais.
“Tem-se falado muito em fóruns como o fórum económico mundial em Davos, sobre uma transição energética justa. No entanto, não devemos permitir que áfrica não tenha a palavra”, destacou.
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