“Só a vontade política pode trazer ganhos para as PME’s”

“Só a vontade política pode trazer ganhos para as PME’s”

O estabelecimento de parcerias que possibilitem a partilha de conhecimento entre as grandes indústrias e as Pequenas e Médias Empresas (PME) moçambicanas é uma das principais questões para o desenvolvimento do sector empresarial local. A vontade política é vista como a grande solução para alavancar as PME’s e desenvolver o país.

Esta visão foi defendida, na quinta-feira (01), no distrito de Marracuene, pelos painelistas do terceiro debate sobre conteúdo local organizado pela Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), à margem da 57ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM).

Debruçando-se sobre o tema “como estabelecer parcerias win/win que possibilitem a transferência de know how”, o empresário e Director-Geral da Cometal, Amade Camal, começou por considerar que as parcerias entre as PME’s e as multi-nacionais devem, por si só, garantir a partilha de conhecimentos, sem perderem de vista o facto de se estar a tratar de negócios.

Segundo Camal, será uma mais-valia se o Governo apostar na utilização dos recursos humanos, empresas, produção e serviços locais. “O que falta é vontade política”, rematou Camal, convicto de que “o sector privado está preparado para fornecer serviços aos pequenos e grandes projectos”.

Na mesma senda, o representante do MozParks, Honório Boane, considerou que Moçambique tem potencial para atender toda a demanda dos mega-projectos, e que é preciso apostar na aquisição de tecnologias.

Para Boane, as PME’s precisam de realizar parcerias inteligentes, que agreguem valor ao país. No entanto, referiu que actualmente os grande-projectos procuram e consomem menos de 10% dos serviços das empresas nacionais.

Boene propôs a estratégia de atracção dos serviços de alta tecnologia, que o país não consegue prestar para as multi-nacionais, através da criação de empresas específicas.

Recordando o período de restrições devido à covid-19, o responsável disse que as multinacionais ficaram sem receber materiais fornecidos por empresas estrangeiras e que essa carência foi suprida pelas empresas moçambicanas.

“É tudo uma questão de vontade política porque nos estamos a focar na «sobremesa» e não na «refeição principal», que são as indústrias estruturantes de que Moçambique precisa. Falta uma visão estratégica para delinear os caminhos a seguir”, disse Boane.

Na ocasião, a representante do Ministério da Indústria e Comércio, Cerina Mussá, referiu-se a um programa do Governo para apoiar todas as PME’s do país a prestarem serviços aos grandes projectos. No entanto, alertou que o plano prevê, igualmente, o acesso das PME’s a todo o escopo económico e financeiro nacional, independentemente da magnitude dos projectos.

“Existe o Instituto de Promoção de Pequenas e Médias Empresas e outras agências de desenvolvimento de apoio às PME’s e um mecanismo para criar interligações com o grandes projectos. Há um processo de apoio na capacitação e certificação de modo que cumpram com as especificações necessárias na produção de produtos e na preparação e prestação de serviços para que tenham um padrão internacional reconhecido e possam fornecer bens e serviços aos mega-projectos”, disse, recordando que o Governo, através da Secretaria do Estado tem programas de incubação para apoiar as PME’s.

Para a responsável, as PME’s podem trabalhar com outras grandes empresas na terceirização dos seus serviços, redução de custos operacionais em algumas actividades e também realizando “as grandes compras do Governo, que é o seu maior cliente”.

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